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Sem criticar invasão, Trump fala em fraude e chama apoiadores de especiais

Do UOL, em São Paulo

06/01/2021 17h33Atualizada em 06/01/2021 21h12

Após a invasão hoje do Congresso americano, o presidente Donald Trump pediu que os manifestantes voltem para suas casas em paz e respeitem a lei e a ordem. Ele voltou a falar em fraudes eleitorais, novamente sem provas, como justificativa do ato de violência. E, em vez de criticar, disse "entender a dor" dos trumpistas, chamando-os de "especiais".

Foi uma eleição fraudada, mas não podemos jogar o jogo dessas pessoas. Temos que ter paz. Então vão para casa, nós amamos vocês, vocês são muito especiais. Vocês viram o que aconteceu, vocês viram a maneira com que os outros são tratados. Sei como vocês se sentem, mas vão para casa e vão para casa em paz."
Donald Trump em vídeo publicado nas redes sociais.

Momentos antes, ele havia insuflado seus apoiadores a se manifestarem contra a proclamação da vitória do democrata Joe Biden, que ocorria em sessão no Capitólio, em Washington.

"Sem violência! Lembre-se, nós somos o partido da lei e da ordem. Respeite a lei e nossos grandes homens e mulheres de azul", escreveu, referindo-se aos policiais.

O Twitter sinalizou a publicação de Trump com um aviso de que a acusação de fraude é contestada e proibiu seguidores de retuitá-la ou curti-la. Desta forma, segundo a política da rede, a postagem perde alcance.

Biden chamou a invasão da Casa Legislativa de "insurreição". "Palavras de um presidente importam. Não importa o quão bom ou ruim ele seja. No mínimo palavras devem inspirar. No pior dos casos, elas devem incitar", afirmou o democrata.

O que estamos vendo é um pequeno número de extremistas dedicados à ilegalidade. Isso não é dissidência. É desordem. É caos. É quase uma sedição. E deve acabar agora."
Joe Biden

Momentos de tensão e violência

Os manifestantes invadiram o Congresso e a polícia atuou para reprimir o protesto. Houve violência, com feridos e ao menos uma mulher foi baleada e morreu. Armas foram usadas depois que vidros foram quebrados e portas forçadas. Um alerta de emergência foi acionado e o local foi esvaziado, com os parlamentares saindo escoltados para um lugar seguro pela polícia.

Mike Pence, vice de Trump, presidia a sessão, que foi interrompida, e foi escoltado para fora do prédio. Trump tem se negado recorrentemente a aceitar o resultado das urnas.

Também foi decretado um toque de recolher para evitar novos possíveis atos de violência ou vandalismo.

A sessão de hoje deveria ser apenas protocolar, mas virou um novo campo de batalha por pressão de Trump, que tenta de todas as maneiras evitar que Biden seja declarado vencedor.

Já houve diversos pedidos de recontagem nos estados, acusações de fraudes e pedidos para que congressistas contestassem votos de delegados de algum estado.

"Tentativa de golpe"

Após os atos, a repercussão foi imediata. Revoltado com o episódio, o deputado republicano Adam Kinzinger disse que os protestos realizados na tarde de hoje seriam uma tentativa de golpe nos Estados Unidos. "Esta é uma tentativa de golpe", resumiu ele, em seu perfil no Twitter.

Também nas redes sociais, a republicana Nancy Mace compartilhou um vídeo de manifestantes em confronto com a polícia do Capitólio. "Isto está errado. Não somos assim. Estou com o coração partido por nossa nação hoje."