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China vê 'crise de masculinidade e vai aumentar aulas de educação física

Governo da China acredita que passa por uma "crise de masculinidade", segundo diz a imprensa local - Xinhua/Huang Xiaobang
Governo da China acredita que passa por uma 'crise de masculinidade', segundo diz a imprensa local Imagem: Xinhua/Huang Xiaobang

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/02/2021 12h25

O ministério da educação da China lançou na semana passada um plano polêmico para resolver o que a imprensa local e o meio acadêmico nomearam de "crise de masculinidade". A proposta é enfatizar o que o governo chama de "espírito de yang", ou seja, os "atributos masculinos" na educação.

Entre as ideias da pasta, está a ampliação das aulas de educação física, com a contratação de mais homens como instrutores esportivos e a reformulação da disciplina no ensino fundamental e médio.

De acordo com o jornal The New York Times, o novo plano é uma resposta à reivindicação de "prevenir a feminização dos jovens do sexo masculino" feita em maio por Si Zefu, um dos principais membros do Comitê Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

A proposta de Zefu critica a prevalência de professoras mulheres e afirma que "muitos, muitos mais homens deveriam ser contratados como professores de educação física" para exercer uma "influência masculina" nas escolas.

Em comunicado, o alto funcionário comentou que "a cultura pop tornou os meninos fracos, inferiores e tímidos" e lamentou que os meninos não quisessem mais se tornar heróis de guerra, o que "poderia colocar em perigo o povo chinês".

O ministério da educação da China pretende 'exaltar o espírito de yang', que corresponde aos 'atributos masculinos' dos estudantes - Unsplash - Unsplash
O ministério da educação da China pretende 'exaltar o espírito de yang', que corresponde aos 'atributos masculinos' dos estudantes
Imagem: Unsplash

Repercussão negativa

Segundo o Times, o plano não cita explicitamente um "tratamento diferente" para alunos meninos e meninas. Mas seu tom foi classificado como homofóbico e misógino, sendo muito criticado nas redes sociais — incluindo na conta da emissora estatal chinesa, CCTV, no sábado (30).

"A educação não é simplesmente cultivar' homens 'e' mulheres'. É mais importante desenvolver a disposição para assumir responsabilidades", diz a publicação da mídia estatal.

Vários educadores também condenaram a proposta, como foi o caso de Liu Wenli, professora da Universidade Normal de Pequim, que é especialista em saúde e educação sexual.

Ela comentou que a referência à "feminização dos jovens do sexo masculino poderia levar a mais bullying de estudantes por causa de sua expressão de gênero, identidade ou orientação sexual".