Biden diz que racismo sistêmico atrasa EUA e pede restrição de armas
À véspera de completar 100 dias de mandato, o presidente Joe Biden disse hoje que o racismo sistêmico atrasa os Estados Unidos e fez apelo para a restrição de armas no país, durante seu primeiro discurso realizado no Congresso americano. O pronunciamento do democrata a congressistas durou aproximadamente 70 minutos
Em seu discurso, Biden usou como exemplo o caso de George Floyd —segurança negro morto asfixiado enquanto era abordado por policiais brancos, em Minnesota (EUA), no ano passado— para defender uma reforma policial ampla. Biden também admitiu que o problema do racismo nos Estados Unidos é "sistêmico" e "atrasa".
"Temos que nos unir para reconstruir a confiança entre a aplicação da lei e as pessoas a quem servem, para erradicar o racismo sistêmico em nosso sistema de justiça criminal e para decretar uma reforma policial em nome de George Floyd e já ser aprovada na Câmara", disse Biden. "O racismo atrasa os Estados Unidos", ressaltou, em seguida.
O presidente americano fez ainda um apelo ao Congresso em relação a reformas para restrição do uso de armas nos EUA. Ele considera que a violência armada se tornou uma "epidemia na América" e que é preciso agir para conter o avanço.
"Não preciso contar isso a ninguém, mas a violência armada se tornou uma epidemia na América... Eu não quero mais conflituoso, mas precisamos de mais republicanos do Senado para se juntar à maioria geral dos colegas democratas e fechar as brechas exigidas na compra de armas, de verificação de antecedentes. Precisamos de uma proibição de armas e carregadores de alta capacidade."
Segundo Biden, as reformas que pedem restrição de armas têm "apoio esmagador do povo americano".
"Incluindo muitos proprietários de armas. Se um país apoia a reforma, o Congresso deve agir. Isso não deve ser uma questão vermelha ou azul", continuou o presidente, referindo-se às cores dos dois partidos rivais, democrata e republicano.
Plano trilionário
Diante de um Congresso lotado, Biden também detalhou o plano federal de US$ 1,8 trilhão (cerca de R$ 9,7 trilhões, na cotação atual) em educação, creche e licença familiar paga. O pacote de medidas, batizado de Plano das Famílias Americanas, prevê ainda a desoneração de US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,3 trilhões) de impostos para a classe média.
Ele pretende financiar o plano aumentando os impostos sobre os ricos, e diz que quer recompensar o trabalho, não a riqueza. Suas novas medidas propostas arrecadariam cerca de US$ 1,5 trilhão ao longo de uma década.
"Não vou impor nenhum aumento de impostos sobre pessoas que ganham menos de US$ 400 mil. Mas é hora de a América corporativa e o 1% mais rico dos americanos começarem a pagar sua parte justa. Apenas sua parte justa", considerou, em seu discurso.
"Não estou querendo punir ninguém. Mas não vou acrescentar uma carga tributária para a classe média deste país. Já estamos pagando o suficiente. Acho que o que proponho é justo. Fiscalmente responsável. E levanta receita para pagar os planos que proponho e vai criar milhões de emprego", afirmou ele.
Vacinação contra covid-19
Biden também não deixou de mencionar os avanços na luta contra a crise sanitária sem precedentes provocada pela pandemia de covid-19. O presidente americano celebrou o sucesso da campanha de vacinação. Mais da metade da população adulta - 95,8 milhões de pessoas - já recebeu pelo menos uma das duas doses das vacinas que requerem duas aplicações.
"Graças a vocês, o povo americano, nosso progresso nesses 100 dias contra uma das piores pandemias da história é um dos maiores feitos logísticos que nosso país já realizou", afirmou.
"China está avançando"
No discurso, o presidente americano Joe Biden relembrou o passado de investimentos dos Estados Unidos, mas admitiu que o país, hoje, está atrás da China.
"Décadas atrás, nós costumávamos investir 2% do nosso PIB [Produto Interno Bruto] em pesquisas. Hoje [o nosso investimento] é menos de 1%. A China e outros países estão avançando rapidamente", considerou.
Biden foi mais duro em suas declarações sobre a Rússia, e mandou recado direto. "Com relação à Rússia, sei que preocupa alguns de vocês, mas deixei bem claro ao presidente Putin que, embora não busquemos 'escalada', suas ações terão consequências se forem verdadeiras", disse Biden a legisladores reunidos na câmara da Câmara.
O presidente esteve acompanhado durante o pronunciamento de sua vice-presidente, Kamala Harris, e da líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, dois cargos nunca ocupados por mulheres simultaneamente, um feito que Biden elogiou. "Já era hora", afirmou ele.
* Com informações da agência AFP e RFI
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