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Haiti inicia funeral do presidente Jovenel Moise; país vive clima de tensão

Funeral do presidente assasinado do Haiti, Jovenel Moise - VALERIE BAERISWYL / AFP
Funeral do presidente assasinado do Haiti, Jovenel Moise Imagem: VALERIE BAERISWYL / AFP

Do UOL*, em São Paulo

23/07/2021 11h24Atualizada em 23/07/2021 11h27

O funeral nacional do presidente assassinado do Haiti, Jovenel Moise, começou hoje na cidade de Cabo Haitiano, com uma cerimônia sob forte esquema de segurança em um país atingido pela violência e pela pobreza. A cidade do Departamento Norte do Haiti estava relativamente calma pela manhã, após um dia tenso na quinta-feira. A polícia foi colocada nas ruas.

Durante a cerimônia, o caixão de Moise foi coberto pela bandeira nacional e pela faixa presidencial, expostos em uma esplanada adornada com flores, e é guardado por soldados das Forças Armadas do Haiti.

O crime contra o líder do Haiti reacendeu tensões históricas entre o norte do país e o oeste, onde fica localizada a capital, Porto Príncipe. Existe um antigo antagonismo entre os negros descendentes de escravos do norte e os mestiços, também chamados mulatos, do sul e do oeste.

Os moradores do norte lembram que Moise é o quinto chefe de Estado daquela região a ser assassinado no oeste, depois de Jean-Jacques Dessalines, Cincinnatus Leconte, Vilbrun Guillaume Sam e Sylvain Salnave.

Alguns chegaram a erguer barricadas nas estradas que levam a Cabo Haitiano para impedir que as pessoas da capital comparecessem ao funeral.

Por enquanto, o país não tem um parlamento funcional e poucos senadores eleitos. O governo interino instalado nesta semana não tem presidente. Moise governou o país, o mais pobre das Américas, por decreto depois que as eleições legislativas de 2018 foram adiadas devido a várias disputas.

Além das eleições presidenciais, legislativas e locais, o Haiti tinha marcado para setembro um referendo constitucional, que já foi adiado duas vezes devido à pandemia do coronavírus.

Relembre o caso

Moise, morto em 7 de julho por um comando armado em sua casa na capital, Porto Príncipe, era natural da região vizinha ao seu local de sepultamento, também no norte.

A viúva do presidente, gravemente ferida no ataque noturno, estava presente, com um braço na tipoia, após ter sido tratada em um hospital na Flórida, no sul dos Estados Unidos. Representantes de delegações estrangeiras, corpos diplomáticos e membros do governo se revezavam para apresentar suas condolências.

Até o momento, mais de 20 pessoas foram presas pelo ataque, a maioria colombianos, e a polícia afirma que o plano foi organizado por haitianos com ligações fora do país e ambições políticas. Porém, o caso continua obscuro, com muitas perguntas sem resposta.

O Haiti é atormentado pela insegurança e pelas gangues, um flagelo que foi agravado durante a presidência de Moise.

* Com informações da Agência AFP