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Beatrix von Storch: quem é e o que defende a líder da extrema-direita alemã

Bolsonaro posa para foto com vice-líder da extrema-direita alemã Beatrix von Storch - Reprodução/Instagram
Bolsonaro posa para foto com vice-líder da extrema-direita alemã Beatrix von Storch Imagem: Reprodução/Instagram

Murilo Matias

Colaboração para o UOL

26/07/2021 20h37Atualizada em 26/07/2021 21h12

Jair Bolsonaro reuniu-se, na última quarta-feira (21), com a deputada alemã Beatrix von Storch, vice-líder do partido de extrema-direita Alternativa Alemã, que tem membros investigados pelas autoridades do país por propagarem ideias neonazistas.

Mas quem é a parlamentar?

Alinhada ao bolsonarismo em suas opiniões contra medidas sanitárias e de distanciamento durante a pandemia, Beatriz é neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças de Adolf Hitler.

Ontem, ela postou quatro fotos na qual ela, o presidente Bolsonaro e outros presentes aparecem descontraídos no Palácio do Planalto, em Brasília. Todos sem máscara.

Líder da maior força da oposição, com 88 legisladores dentre os mais de 700 representantes, a advogada de 50 anos eleita por Berlim não é um nome de grande projeção fora de seu nicho radical.

Mas ecoa críticas ao governo atual, ao modelo migratório e a projetos de inclusão. Tornou-se conhecida por ações esdrúxulas, como quando tapou a cabeça de uma estátua de Marx com um saco de lixo, e sobretudo pela violência de suas declarações contra minorias e adversários.

Já fez menção positiva a uma mensagem que apregoava a violência policial contra imigrantes, incluindo mulheres e crianças, apesar de se dizer defensora da família.

Em 2015, tentou censurar uma peça que destacava o passado nazista de parte de seus familiares e detalhava sua atuação política. Durante a pandemia, criticou a violação de direitos pelo governo alemão, segundo suas palavras, ao decretar medidas restritivas para evitar a proliferação do vírus.

Vinda ao Brasil

Desde sua atuação como deputada do Parlamento Europeu, de 2014 a 2017, Beatrix busca alavancar sua posição conservadora cristã com lideranças de outros países, muitas delas consideradas extremistas.

Foi apoiadora do ex-presidente dos EUA Donald Trump e próxima de Steve Bannon, assessor que esteve recentemente preso por fraude.

"Para ganhar aliados, mantenho conversas com políticos, partidos e líderes de opinião conservadores no Brasil. Para ser capaz de combater com sucesso a esquerda que opera internacionalmente, os conservadores também devem se relacionar melhor internacionalmente", escreveu, sem detalhar os motivos de sua vinda ao Brasil.

"Normalmente os parlamentares da sigla só conseguem ser recebidos por figuras igualmente tóxicas do cenário político internacional. Ele (Bolsonaro) nunca apareceu contente ao lado de Merkel, mas nessa fato escancara satisfação ao se encontrar com uma figura da extrema-direita alemã", compara texto da Deutsche Welle.

Meios de comunicação alemães publicaram breves notas críticas sobre o assunto. "A integrante do Bundestag [Parlamento] teve uma foto distribuída na segunda-feira que a mostra durante uma visita ao presidente populista de direita do Brasil", escreveu o jornal Berliner Morgepost, citando também o evento com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), "que já havia gerado críticas", relata o texto.

"Somos unidos por ideais de defesa da família, proteção das fronteiras e cultura nacional", escreveu, por sua vez, Eduardo Bolsonaro.

O deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), titular da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, comenta o desgaste causado pela aproximação do Brasil com setores da extrema-direita mundial.

"Não chega a ser novidade. Essas são as relações do presidente, é nesse ambiente que ele transita. O presidente se identifica com essas ideias e reafirma sua natureza fascista. O dano à imagem do Brasil está causado e só se agrava com episódios como esse", diz.

Em outros momentos situações envolvendo figuras do governo Bolsonaro foram associadas ao nazismo, como o pronunciamento do ex-secretário da Cultura Roberto Alvim, cujo conteúdo e forma se assemelhavam aos discursos de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, e o suposto gesto supremacista do assessor da Presidência Filipe Martins em uma reunião do Senado, negado pelo denunciado.

Veja algumas posições da política:

Os Verdes / FDP [Partido Democrático Liberal, na sigla em alemão] / Esquerda querem que os filhos menores possam ter seu gênero reoperado contra a vontade de seus pais. Tanta coisa estúpida!

A multidão árabe-muçulmana está assolando a Alemanha: Se Merkel (...) têm que admitir que os judeus não podem circular livremente aqui, isso é mais do que 'apenas' a rendição do Estado constitucional alemão ao antissemitismo islâmico importado.

Com a crise pelo Corona o executivo interveio nos direitos fundamentais de forma tão drástica e generalizada que essa proporcionalidade foi violada em massa.

Quando Trump foi excluído do Twitter, não se tratava apenas de um tweet. Ou sobre Trump. Dezenas de milhões de usuários com centenas de milhões de opiniões de suas redes foram apagados.

O que diabos há de errado com este país? Por que a página oficial da polícia tuíta em árabe? Eles estão tentando pacificar as hordas de homens bárbaros, muçulmanos e estupradores?

Organizações buscam a islamização e infiltração na Alemanha. Com violência e influência política.

Querem que os mandatos parlamentares sejam distribuídos por gênero. É inconstitucional. Depois das cotas para homens, mulheres e várias pessoas, vem a cota para jovens, velhos, com sobrepeso, gays e alemães com histórico de migração. Resumindo: a cota das mulheres é a Idade Média!

A segurança do estado está me investigando? Porque eu cobri Marx por 10 minutos ??? Você não pode acreditar.

Não permitiremos isso, não nos permitiremos ser radicalizados, estigmatizados ou desviados de nosso objetivo: continuaremos a ser a única alternativa democrática à esquerda dominante.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no texto, Roberto Alvim não foi ministro da Cultura. Ele foi secretário da Cultura entre 2019 e 2020, já que a pasta perdeu o status de ministério durante o governo Bolsonaro. A informação foi corrigida.