Autor de invasão, Bush diz acompanhar crise no Afeganistão com 'tristeza'
Do UOL, em São Paulo
17/08/2021 07h09Atualizada em 17/08/2021 11h09
O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush, responsável pela invasão americana ao Afeganistão, e a ex-primeira-dama Laura Bush divulgaram uma nota ontem em que disseram estar acompanhando os "trágicos acontecimentos" no país "com profunda tristeza", após o grupo fundamentalista Taleban tomar o poder.
"Nossos corações pesam tanto pelo povo afegão que tanto sofreu quanto pelos americanos e aliados da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] que tanto se sacrificaram", dizem Bush e Laura no comunicado.
President and Mrs. @laurawbush have released a statement on Afghanistan. Read it here: https://t.co/GJO1CGZHpC
-- George W. Bush Presidential Center (@TheBushCenter) August 17, 2021
O republicano era o presidente dos EUA quando o país decidiu invadir o Afeganistão, em 2001, para derrubar o regime do Taleban, acusado de dar proteção aos autores dos atentados de 11 de setembro.
A invasão americana conseguiu destituir o grupo fundamentalista, mas, em 20 anos de ocupação, não foi capaz de derrotá-lo de forma definitiva. A recente ofensiva do Taleban durou apenas poucas semanas e quase não enfrentou resistência do Exército afegão, financiado, armado e treinado pelos EUA e pela Otan.
Apesar disso, Bush diz que permanece "otimista". "Assim como nosso país, o Afeganistão também é feito de um povo vibrante e resiliente. Quase 65% da população tem menos de 25 anos. Suas escolhas por oportunidades, educação e liberdade também vão determinar o futuro do Afeganistão", afirma.
A nota, no entanto, não faz referência aos resultados dos 20 anos de ocupação americana no país asiático, que foi reconquistado pelo Taleban poucas semanas depois da retirada das tropas dos EUA e da Otan.
Em abril deste ano o presidente Joe Biden anunciou que retiraria todas as tropas americanas do Afeganistão até o dia 11 de setembro, quando se completarão duas décadas dos ataques às torres gêmeas, em Nova York.
Em julho, Bush criticou a retirada das tropas do país. Segundo ele, as consequências serão sofridas especialmente por "mulheres e meninas afegãs".
"O presidente Biden prometeu evacuar esses afegãos, junto com os cidadãos americanos e nossos aliados. O governo dos Estados Unidos tem autoridade legal para reduzir a burocracia para refugiados durante crises humanitárias urgentes. E temos a responsabilidade e os recursos para garantir uma passagem segura para eles agora, sem atrasos burocráticos. Nossos aliados mais fortes, junto com ONGs privadas, estão prontos para ajudar", acrescentaram o ex-presidente e a ex-primeira dama no comunicado.
Em discurso à nação ontem, Biden admitiu que o rápido avanço dos extremistas o pegou de surpresa, mas defendeu a retirada e disse que não vai passar a guerra mais longeva da história dos EUA para seu sucessor.
"Os americanos não podem e não devem lutar e morrer em uma guerra em que os próprios afegãos não querem lutar", disse Biden.
Segundo um balanço feito pelo Instituto Watson de Relações Públicas e Internacionais, da Universidade Brown, nos EUA, o conflito no Afeganistão deixou mais de 170 mil mortos, sendo que cerca de 113 mil eram civis, militares ou policiais afegãos.
* Com informações da Ansa
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