David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, morre aos 65 anos
Do UOL, em São Paulo*
11/01/2022 06h22Atualizada em 11/01/2022 12h34
O presidente do Parlamento Europeu, o italiano David Sassoli, morreu hoje, aos 65 anos, em um hospital na Itália, informou seu porta-voz no Twitter.
Sassoli estava internado há duas semanas no hospital, em estado grave, devido a uma disfunção de seu sistema imunológico, disse seu porta-voz, Roberto Cuillo, ontem.
"David Sassoli faleceu em 11 de janeiro, à 1h15, no CRO (Centro de Referência de Oncologia) de Aviano, Itália, onde estava internado" desde o final de dezembro, escreveu Cuillo.
The @EP_President David Sassoli passed away at 1.15 am on 11 January at the CRO in Aviano( PN), Italy, where he was hospitalized. The date and place of the funeral will be communicated in the next few hours.
-- RobertoCuillo (@robertocuillo) January 11, 2022
O velório será realizado na próxima quinta-feira (13), na sede da Prefeitura de Roma. Já o funeral está previsto para sexta-feira (14), ao meio-dia, na igreja de Santa Maria degli Angeli, também na capital italiana.
Cuillo anunciou, ontem à tarde, a hospitalização do presidente do Parlamento Europeu "por uma complicação grave, devido a uma disfunção do sistema imunológico", e a suspensão de suas atividades oficiais.
O italiano, que superou uma leucemia no passado, esteve internado no ano passado por causa de uma pneumonia que o manteve afastado da atividade parlamentar durante várias semanas.
Trajetória
Nascido em 30 de maio de 1956, em Florença, Sassoli foi criado em Roma e, antes de entrar para a política, trabalhou como jornalista por mais de duas décadas e foi apresentador do TG1, principal telejornal da emissora pública Rai e da TV italiana.
Ele deixou o canal em 2009 para se candidatar ao Parlamento Europeu pelo PD (Partido Democrático), de centro-esquerda, e foi eleito com 412 mil votos. Em 2013, tentou disputar a Prefeitura de Roma, mas acabou perdendo as primárias do PD para Ignazio Marino, que venceria as eleições.
Em seu discurso de posse, em 3 de julho de 2019, fez uma apaixonada defesa dos direitos humanos e da liberdade na Europa.
Ele defendia o acolhimento de migrantes e refugiados, cobrava reações mais drásticas de Bruxelas contra medidas autoritárias em Estados-membros do leste europeu, como Hungria e Polônia, e era a favor do aumento da integração no bloco.
Seu mandato terminaria em meados de janeiro, quando o Europarlamento votaria para escolher seu sucessor. Sassoli deixa uma esposa, Alessandra Vittorini, e dois filhos, Livia e Giulio.
Por solidariedade em meio à pandemia, David Sassoli disponibilizou as instalações desertas do Parlamento, tanto em Estrasburgo como em Bruxelas, para a preparação de refeições para pessoas necessitadas, um centro de testes e refúgio para mulheres isoladas.
"Verdadeiro democrata"
Entrevistado pelo canal de televisão Rai News 24, Roberto Cuillo homenageou "um homem bom, tenaz e combativo", com "atenção constante aos mais vulneráveis". "Ele era um verdadeiro democrata. Ele acreditava no encontro de culturas diferentes", acrescentou.
O ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini (Partido Democrático, PD), prestou homenagem a ele no Twitter, com a mensagem, "Ciao David, amigo de uma vida", acompanhada de uma foto de David Sassoli.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar "profundamente triste" pela morte de um "grande europeu e italiano".
Já o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que "seu calor humano, sua generosidade e seu sorriso já fazem falta".
Todas as instituições europeias estão com bandeiras a meio mastro para homenagear Sassoli.
Por sua vez, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, declarou que a "morte inesperada e prematura de David Sassoli causa profunda dor".
"Sua morte abre um vazio nas fileiras daqueles que acreditaram e construíram uma Europa de paz a serviço dos cidadãos. Seu empenho límpido, constante, apaixonado, contribuiu para tornar a assembleia de Estrasburgo protagonista do debate político em uma fase delicadíssima", disse.
O premiê italiano, Mario Draghi, definiu Sassoli como um "homem das instituições, um profundo europeísta, jornalista apaixonado e símbolo de equilíbrio, humanidade e generosidade". "Essas qualidades sempre foram reconhecidas por todos os colegas, de todos os campos políticos e de todos os países da UE", ressaltou.
O papa Francisco enviou um telegrama de condolências à família do italiano. O texto é assinado pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e diz que o líder da Igreja Católica participa do "grave luto que atinge a Itália e a União Europeia" e se recorda de Sassoli como um "fiel cheio de esperança e caridade, competente jornalista e estimado homem das instituições".
* Com informações da AFP, Ansa e RFI
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