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Agências dos EUA alertam que Rússia planeja pretexto para invadir Ucrânia

Inteligência dos EUA disse que os detalhes de uma possível operação de falsa bandeira russa, incluindo seu momento, não eram claros - Getty Images
Inteligência dos EUA disse que os detalhes de uma possível operação de falsa bandeira russa, incluindo seu momento, não eram claros Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/02/2022 08h16Atualizada em 13/02/2022 09h34

Agências de inteligência dos Estados Unidos alertaram o governo Biden sobre uma nova operação russa destinada a criar um pretexto para a invasão da Ucrânia, segundo reportagens dos jornais The New York Times e Washington Post, citando pessoas que tiveram acesso ao material.

Conforme os relatos, neste mês, altos funcionários do governo disseram que a Rússia planejava criar um vídeo falso mostrando um ataque de ucranianos em território russo. Nos últimos dias, autoridades relataram que novas informações apontavam para outra chamada "operação bandeira falsa", mas os detalhes, incluindo o momento em que iria ocorrer, não eram claros.

Na sexta-feira (11), Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional, disse que os EUA estavam denunciando publicamente os planos russos de criar um pretexto para que o mundo soubesse que a Rússia não tinha uma causa legítima para entrar em território ucraniano.

"Estamos firmemente convencidos de que os russos, caso decidam avançar com a invasão, estão procurando com afinco a criação de um pretexto, uma operação de bandeira falsa, algo que eles gerem e tentem culpar os ucranianos como um gatilho para ação militar", disse ele.

Segundo o New York Times, nas últimas semanas as agências de inteligência americanas relataram ter obtido informações sobre uma série de possíveis operações russas com intuito de criar uma desculpa para atacar a Ucrânia, incluindo o plano de criar um vídeo falso em que agentes russos fariam parecer que partidários do governo ucraniano estavam atacando pessoas de língua russa.

Conforme o jornal, desde novembro, a mídia controlada pelo governo russo e sites de conspiração ligados aos serviços de inteligência de Moscou intensificaram uma campanha de desinformação de que a Ucrânia está atacando falantes de russo em áreas controladas pelos separatistas.

"Moscou está tentando ativamente criar um casus belli", ou uma justificativa para a guerra, disse uma autoridade ocidental ao Washington Post.

Biden adverte Putin

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, conversaram ontem por telefone sobre a situação. Biden advertiu Putin sobre "custos severos" que a Rússia enfrentaria se invadisse a Ucrânia.

Putin, por sua vez, disse que a suspeita de um ataque contra a Ucrânia era uma "especulação provocativa", e seu assessor diplomático, Yury Ushakov, denunciou um "auge" da "histeria" americana.

Ushakov informou, no entanto, que, durante um telefonema de cerca de uma hora, os dois presidentes "concordaram em manter os contatos em todos os níveis" para desativar a crise.

A Casa Branca, por sua vez, informou que, na conversa, Biden "deixou claro que se a Rússia empreender uma invasão, os Estados Unidos, juntamente com seus parceiros, responderão decisivamente e imporão custos rápidos e severos à Rússia".

Ele "reiterou" que atacar a Ucrânia "provocaria um sofrimento humano generalizado e diminuiria a posição da Rússia".

Putin também conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron, que lhe advertiu que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na Ucrânia, informou a Presidência francesa.

A possibilidade de uma guerra levou vários países ocidentais a recomendarem a seus cidadãos que deixassem a Ucrânia.

A própria Rússia admitiu que está reduzindo seu pessoal diplomático em Kiev, argumentando que se deve às provocações "ucranianas" e dos países ocidentais.

Na sexta-feira, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca disse que a ofensiva é uma "possibilidade muito, muito real". As autoridades americanas não descartam que a Rússia tome essa decisão mesmo durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, que terminam em 20 de fevereiro.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no sábado que os comentários dos EUA eram muito alarmistas, embora reconhecesse o risco de uma invasão.

A crise surgiu depois da mobilização de mais de 100 mil militares russos para a fronteira com a Ucrânia há várias semanas.

Moscou tem negado reiteradamente que queira atacar a antiga república soviética, mas exige certas garantias na questão da segurança, entre elas que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não admita entre seus membros a Ucrânia, um ponto inegociável para o Ocidente.

* Com informações da AFP