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Rússia diz que relações com Estados Unidos 'estão no chão'

11.fev.2022 - Militares da Ucrânia recebem míssil fornecido pelos EUA como parte de apoio militar em meio à crise com a Rússia - Sergei Supinsky/AFP
11.fev.2022 - Militares da Ucrânia recebem míssil fornecido pelos EUA como parte de apoio militar em meio à crise com a Rússia Imagem: Sergei Supinsky/AFP

Do UOL*, em São Paulo

14/02/2022 10h38Atualizada em 14/02/2022 11h41

As relações entre a Rússia e os Estados Unidos "estão no chão", disse o Kremlin à agência de notícias russa RIA, enquanto o país conduz exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia.

Segundo o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, é positivo que os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin estejam conversando, mas há muita tensão entre os países.

"Os chefes de Estado estão dialogando, e isso é positivo porque há alguns anos havia zero diálogo, não havia qualquer contato", disse Peskov em entrevista à agência.

"Mas de resto, infelizmente, nas relações bilaterais, só podemos falar em pontos negativos. Estamos em um ponto muito, muito baixo. As relações estão no chão".

Ucrânia treina civis para defesa em caso de invasão da Rússia; veja fotos

Exercícios militares

A Rússia segue conduzindo exercícios militares em Belarus, na fronteira com a Ucrânia.

Ontem, o governo norte-americano disse que a Rússia pode invadir o país vizinho a qualquer momento e reafirmou a intenção de defender "cada centímetro" do território da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) — aliança da qual a Ucrânia ainda não faz parte. Segundo agências de inteligência dos EUA, a Rússia estaria criando um pretexto falso para justificar um ataque.

"Não podemos prever perfeitamente o dia, mas já estamos dizendo há algum tempo que estamos na janela", afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, à CNN.

Sullivan disse que uma invasão pode ocorrer antes do final dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 20 de fevereiro.A

Rússia tem mais de 100 mil militares concentrados perto da Ucrânia, mas diz não considerar invasão, e acusou o Ocidente de "histeria".

Presidentes dos EUA e Ucrânia reafirmam importância da diplomacia

Biden conversou com seu colega ucraniano, Volodymyr Zelensky, por telefone ontem e eles concordaram com a importância de continuar buscando diplomacia e dissuasão para reduzir a tensão militar na região.

"Os dois líderes coincidiram na importância de manter a diplomacia e a dissuasão em resposta à concentração de forças militares russas nas fronteiras com a Ucrânia", declarou a Casa Branca sobre o telefonema, que durou cerca de 50 minutos.

Com o temor crescente do Ocidente de uma eventual invasão russa, a Casa Branca acrescentou que Biden "deixou claro que os Estados Unidos responderão rápida e decisivamente, juntamente com seus aliados e parceiros, a qualquer agressão da Rússia à Ucrânia".

"Operação bandeira falsa"

Agências de inteligência dos Estados Unidos alertaram o governo Biden sobre uma nova operação russa destinada a criar um pretexto para a invasão da Ucrânia, segundo reportagens dos jornais The New York Times e Washington Post, citando pessoas que tiveram acesso ao material.

Conforme os relatos, neste mês, altos funcionários do governo disseram que a Rússia planejava criar um vídeo falso mostrando um ataque de ucranianos em território russo. Nos últimos dias, autoridades relataram que novas informações apontavam para outra chamada "operação bandeira falsa", mas os detalhes, incluindo o momento em que iria ocorrer, não eram claros.

Na sexta-feira (11), Sullivan disse que os EUA estavam denunciando publicamente os planos russos de criar um pretexto para que o mundo soubesse que a Rússia não tinha uma causa legítima para entrar em território ucraniano.

*Com Reuters