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'Invasão da Ucrânia começou', diz ministro britânico após ação de Putin

Casa danificada após bombardeio em vilarejo na região de Donetsk, próxima à linha de frente dos militares da Ucrânia e separatistas pró-Rússia - Anatolli Stepanov/AFP
Casa danificada após bombardeio em vilarejo na região de Donetsk, próxima à linha de frente dos militares da Ucrânia e separatistas pró-Rússia Imagem: Anatolli Stepanov/AFP

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 06h30Atualizada em 22/02/2022 07h31

O ministro da Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia "começou" após o presidente Vladimir Putin reconhecer a independência de duas regiões separatistas do leste da Ucrânia e ordenar o envio de tropas. A informação foi divulgada pelo site Sky News.

"A partir dos relatórios, acho que já podemos dizer que [Putin] enviou tanques e tropas", disse Sajid Javid. "A partir disso, você pode concluir que a invasão da Ucrânia começou."

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que anunciará sanções econômicas contra a Rússia ainda hoje, segundo informações da Reuters. As sanções seriam "destinadas não apenas a entidades em Donbass, Luhansk e Donetsk, mas na própria Rússia —visando os interesses econômicos russos o máximo que pudermos".

  • Veja as últimas informações sobre a crise entre Rússia e Ucrânia, análises de Josias de Souza e Jamil Chade e mais notícias no UOL News com Fabíola Cidral:

"Esta é, devo enfatizar, apenas a primeira enxurrada de sanções econômicas do Reino Unido contra a Rússia, porque esperamos que haja mais comportamento irracional russo por vir", afirmou Boris Johnson a repórteres.

Ontem, líderes separatistas de Luhansk e Donetsk enviaram pedido ao presidente russo Vladimir Putin para que ele reconhecesse a independência dos dois territórios e ativasse uma "cooperação em matéria de defesa".

Em sua decisão, a Rússia prevê a negociação de "acordos de amizade e ajuda mútua". A decisão agrava a crise entre Rússia e Ucrânia. Também põe fim ao instável processo de paz mediado pela França e a Alemanha, que determinava a devolução dos territórios ao controle de Kiev em troca de ampla autonomia.

Os Estados Unidos ainda não usaram a palavra "invasão" para descrever a ação de Putin de enviar soldados à Ucrânia. Autoridades alertam que a Rússia está criando um "pretexto" para invadir a vizinha.

Nas redes sociais, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que o ato é "previsível e vergonhoso" e condenou a ação de Putin.

Rússia viola independência territorial da Ucrânia

Em entrevista ao UOL News de ontem, Felipe Loureiro, professor de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que a decisão de Putin de reconhecer a independência de duas regiões separatistas do leste da Ucrânia "viola a integridade territorial" do país vizinho.

"Havia um temor que com a escalada das tensões entre a Rússia e a Ucrânia e a Rússia e a Otan, o Putin pudesse dar cartada que deu hoje. Por que essa cartada é tão significativa? Porque claramente viola a integridade territorial da Ucrânia, ou seja, só a Rússia está reconhecendo que que essas duas províncias são dois estados independentes", explicou.

"E mais: Putin assinou acordos de cooperação e amizade com essas duas províncias. O que significaria que pode haver uma possibilidade da Rússia entrar efetivamente nessas províncias para proteger as minorias russas do que os russos chamam de "genocídio". Tem uma série de narrativas para justificar essa intervenção."

Loureiro acrescentou que a ação do presidente russo é um passo "de escalada grave" e que agora é preciso que o mundo esteja atento para o que pode acontecer no leste europeu.