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Ucrânia relata morte de soldado em ataque separatista e recruta reservistas

Do UOL, em São Paulo*

23/02/2022 07h00Atualizada em 23/02/2022 08h58

Militares ucranianos disseram hoje que um soldado foi morto e seis ficaram feridos em bombardeios por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia nas últimas 24 horas.

Segundo eles, 96 incidentes de bombardeios por separatistas foram registrados em um dia. As forças separatistas usaram artilharia pesada, morteiros e sistemas de foguetes Grad, ainda conforme os militares.

Com a escalada de tensão, as Forças Armadas ucranianas anunciaram um plano de mobilização de reservistas a partir de hoje. A mobilização envolve os reservistas de 18 a 60 anos por um prazo máximo de um ano, afirmou o exército ucraniano. A Ucrânia tem quase 200 mil reservistas e 250 mil militares na ativa nas Forças Armadas.

Ucrânia pediu que seus cidadãos deixem a Rússia

Hoje, o ministério ucraniano das Relações Exteriores pediu a seus cidadãos que deixem a Rússia rapidamente, porque uma possível invasão poderia reduzir a assistência consular.

O Parlamento da Ucrânia aprovou um pacote de sanções contra 351 russos. As medidas incluem como alvos parlamentares que apoiaram o reconhecimento da independência de dois territórios controlados por separatistas no leste da Ucrânia e o envio de tropas russas para lá.

As sanções impõem restrições, que incluem impedir os sancionados de entrar na Ucrânia e impedir seu acesso a ativos, capital, propriedades e licenças comerciais. O Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia deve impor as sanções após uma votação.

Os parlamentares ucranianos também aprovaram em primeira leitura um projeto de lei que dá permissão aos residentes do país para portar armas de fogo e agir em autodefesa. "A adoção desta lei é totalmente do interesse do Estado e da sociedade", disseram os autores do projeto de lei em uma nota, acrescentando que a lei era necessária devido às "ameaças e perigos existentes para os cidadãos da Ucrânia".

Putin diz que exigências russas são 'inegociáveis'

Putin disse hoje que não cederá em suas exigências na crise em que enfrenta vários países ocidentais, o que aumenta o temor de uma invasão da Ucrânia, apesar do acúmulo de sanções internacionais.

"Os interesses e a segurança de nossos cidadãos não são negociáveis para nós", declarou ele em um breve discurso exibido na televisão por ocasião do Dia do Defensor da Pátria.

Ontem, a Rússia aprovou os acordos com os separatistas ucranianos, que preveem o envio de uma força de "manutenção da paz" ao país vizinho, ou seja, autorização para uma operação militar na Ucrânia.

O medo de uma escalada militar às portas da UE (União Europeia) é cada vez maior, já que esse gesto ocorreu após Putin reconhecer, na segunda-feira, a independência de dois territórios separatistas do leste da Ucrânia: as autoproclamadas 'repúblicas' de Donetsk e Lugansk.

Embora Putin provoque dúvidas sobre o calendário de envio de tropas para ao leste, a intervenção russa já tem um marco legal após a ratificação na terça-feira dos acordos com os separatistas, especialmente no âmbito militar.

Para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, isto significa "o início de uma invasão".

A Rússia, que enviou 150 mil soldados à fronteira com a Ucrânia, exige que o país vizinho nunca seja admitido como integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e também uma "desmilitarização" de Kiev, assim como concessões territoriais aos separatistas pró-Rússia. As exigências foram rejeitadas pelos países ocidentais.

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Onde fica a Ucrânia
Imagem: UOL

Ucrânia impõe estado de emergência

A Ucrânia vai impor um estado de emergência em todo seu território, exceto nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, onde a medida já está em vigor desde 2014, disse hoje Oleksiy Danilov, autoridade de alto escalão de segurança do país. Ele disse que o estado de emergência duraria 30 dias e poderia ser prorrogado por mais 30.

Danilov também disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, não havia discutido o desenvolvimento de armas nucleares, algo que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que representava uma ameaça estratégica para a Rússia.

Várias sanções

Apesar do cenário adverso e das possibilidades de resolução pacífica cada vez menores, Biden ressaltou que "ainda é possível evitar o pior", ao mesmo tempo que denunciou o início da invasão.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que espera um "grande ataque" russo na Ucrânia.

Os países ocidentais aprovaram as primeiras sanções após o reconhecimento da independência dos separatistas. O conflito entre os insurgentes e as autoridades ucranianas já dura oito anos e provocou mais de 14 mil mortes.

A Alemanha decidiu suspender a autorização do gigantesco gasoduto Nord Stream II, que transportará gás russo para o país europeu.

Biden também anunciou uma "primeira série" de sanções que pretendem impedir que Moscou obtenha fundos ocidentais para pagar sua dívida soberana.

União Europeia, Japão, Austrália, Canadá e Reino Unido também divulgaram sanções.

As medidas punitivas da UE são direcionadas principalmente contra bancos russos e alguns deputados. No momento, as sanções são cautelosas e menores que as anunciadas em caso de invasão.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que pediu ontem armas e garantias sobre sua adesão à União Europeia, também mencionou a possibilidade de romper relações diplomáticas com Moscou.

A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, considera "muito provável" que Putin decida invadir a Ucrânia e tomar Kiev.

"Pensamos que é muito provável que execute o projeto de invadir totalmente a Ucrânia", disse Truss ao canal Sky News.

Na linha de frente, no leste da Ucrânia, os separatistas de Lugansk anunciaram nesta quarta-feira a morte de um combatente, atingido pelo tiro de um franco-atirador ucraniano, segundo os insurgentes.

Os rebeldes também anunciaram a morte de um civil durante um bombardeio noturno.

* Com AFP e Reuters