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Biden: EUA 'não serão enganados' pela Rússia e novas sanções podem surgir

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre as sanções que serão aplicadas à Rússia - Jim WATSON / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre as sanções que serão aplicadas à Rússia Imagem: Jim WATSON / AFP

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 16h35Atualizada em 22/02/2022 19h58

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou hoje, durante um discurso transmitido ao vivo, o "primeiro pacote" de sanções à Rússia: veto a bancos e oligarcas do país. "Nenhum de nós será enganado", disse o democrata. A manifestação ocorre após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer dois territórios separatistas da Ucrânia, a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk.

"Vou começar impondo sanções em resposta, muito além das medidas que nós e nossos aliados e parceiros fizemos em 2014. E se a Rússia continuar com essa invasão, nós iremos além, com mais sanções", garantiu Biden.

"Conforme a Rússia contempla o próximo movimento, nós também nos preparamos. A Rússia pagará um preço alto se continuar sua agressão, incluindo sanções adicionais"
Presidente dos EUA, Joe Biden

As sanções iniciais serão aplicadas contra instituições e cidadãos russos, incluindo oligarcas e seus familiares, porque "eles compartilham os ganhos corruptos das políticas do Kremlin e devem compartilhar a dor também".

"Estamos implementando sanções sobre a dívida soberana russa, e interrompendo o financiamento ocidental ao governo da Rússia. Eles não podem mais levantar dinheiro e não podem mais negociar suas novas dívidas em nossos mercados", explicou.

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Biden avaliou a decisão de Putin como uma "violação flagrante das leis internacionais" que "exige uma resposta firme da comunidade internacional". Para ele, as afirmações do presidente russo querem dizer que a Rússia "tem um pedaço da Ucrânia", e o russo tenta "ter à força" parte do território ucraniano.

"Nenhum de nós deve ser enganado. Nenhum de nós será enganado. Não há justificativa para o ataque russo à Ucrânia. E se a Rússia prosseguir, é a Rússia - e somente a Rússia - que tem a responsabilidade"
Presidente dos EUA, Joe Biden

Biden também confirmou que os EUA fizeram parte da decisão da Alemanha de suspender o acordo para a implementação do gasoduto russo Nord Stream 2. A estrutura passa pelo território alemão até Berlim e dobraria o fornecimento de gás para a Europa.

Para o presidente dos EUA, a "invasão" russa da Ucrânia está "começando". No entanto, ele deixou claro que "ainda há tempo" para a diplomacia e evitar o início de uma guerra: "Não há dúvida de que a Rússia é o agressor, então estamos atentos aos desafios que enfrentamos".

Ontem, a Casa Branca já havia anunciado, imediatamente após a decisão de Putin, que impediria o investimento dos EUA nas áreas separatistas. Uma Ordem Executiva, assinada pelo presidente Biden, define que serão proibidos "novos investimentos, comércio e financiamento" por cidadãos dos EUA para ou nas regiões das chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

Hoje, Biden se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, para "reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com a soberania e a integridade territorial da Ucrânia". De acordo com um comunicado da Casa Branca, o democrata atualizou o ucraniano "sobre a resposta dos EUA à decisão da Rússia" e prometeu "continuar fornecendo assistência de segurança e apoio macroeconômico à Ucrânia".

Blinken cancela reunião com ministro russo

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que cancelou uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. O encontro estava marcado para quinta-feira (24), discutiria "as respectivas preocupações de nosso país sobre a segurança europeia", deixou de "fazer sentido", já que a condição principal imposta era de "não invadir a Ucrânia".

"A Rússia deixou claro sua rejeição total à diplomacia, não faz sentido avançar com essa reunião neste momento. Consultei nossos aliados e parceiros. Todos concordam. Hoje enviei ao chanceler Lavrov uma carta o informando disso", disse Blinken, durante uma coletiva de imprensa.

Além do representande do governo dos EUA, esteve presente o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba. O ucraniano disse que o país tem dois planos principais: "o plano A é utilizar todas as ferramentas da diplomacia para deter a Rússia e evitar uma maior escalada. E se isso falhar, o plano B é lutar por cada centímetro de nossa terra, cada cidade e cada vila. Lutar até vencer".

Biden autoriza militares e equipamentos adicionais dos EUA na Europa

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse hoje que o país vai aumentar a presença militar na Europa para reforçar os aliados da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).

"Hoje, em resposta à admissão da Rússia de que não retirará suas forças da Bielorrússia, autorizei movimentos adicionais de forças e equipamentos dos EUA, já estacionados na Europa, para fortalecer nossos aliados do Báltico: Estônia, Letônia e Lituânia"
Presidente dos EUA, Joe Biden

O democrata garantiu que esses são "movimentos totalmente defensivos". Ele afirmou que não há intenção "de lutar contra a Rússia" mas, sim, defender "cada centímetro" do território da Otan.

Rússia não enviará soldados à Ucrânia imediatamente

Hoje, porém, a Rússia disse que só enviará soldados à Ucrânia "se houver ameaça". A informação é do vice-chanceler russo, Andrei Rudenko.

"A ajuda militar está prevista no acordo (com os separatistas), mas não vamos especular. Por enquanto, não vamos mandar ninguém para parte alguma", disse, e completou: "se houver uma ameaça, então, é claro, daremos nossa ajuda, segundo o acordo que foi ratificado."

O presidente russo, Vladimir Putin, contudo, pediu à Câmara Alta do Parlamento autorização para o envio de militares às regiões.

Reino Unido aprova sanções a bancos e oligarcas russos

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou sanções contra cinco bancos e três oligarcas da Rússia. O país congelará ativos e proibirá negociações com os bancos, além de barrar executivos com grande patrimônio de entrarem no território britânico.

"Essas são as primeiras do que chamamos de enxurrada de sanções que preparamos. Esperamos também que as sanções sejam implementadas pelos EUA e pela União Europeia caso a situação continue a piorar", declarou.

Os bancos afetados são: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e Black Sea Bank; e os executivos são os bilionários Boris e Igor Rotenberg, coproprietários de um grupo de obras de infraestrutura, e Gennady Timchenko, dono de um grupo de investimento privado. Os três são aliados próximos de Putin.

"Temos de nos preparar para os próximos estágios do plano de Putin", disse Johnson. "Putin está estabelecendo o pretexto para uma ofensiva em grande escala".

União Europeia aplica sanções

A Comissão Europeia e o Serviço Europeu de Ação Externa apresentaram na tarde de hoje propostas de sanções à Rússia para os Estados-membros da UE. As medidas, anunciadas pelo ministro francês Jean-Yves Le Drian (Relações Exteriores), foi aceita pelos países do bloco com unanimidade.

Com isso, devem impor sanções a 27 pessoas e entidades, incluindo figuras políticas, propagandistas, militares e entidades financeiras que a UE considera ligadas a "atividades ilegais" nas regiões.

Haverá, também, consequências para os 351 parlamentares russos que votaram a favor do reconhecimento das regiões separatistas, e os 11 que o propuseram. A Comissão enfatizou que espelharia as sanções adotadas na Crimeia após a anexação de 2014 por Moscou.