'Minha casa tremeu com bombas', diz brasileiro em Kiev após invasão russa
O brasileiro Leovitor dos Santos, 30, trabalhava na madrugada de hoje no computador dentro do apartamento onde mora em Kiev, capital da Ucrânia, quando sentiu os primeiros tremores das bombas em meio ao ataque russo.
"Pensei: 'não é possível que o vento esteja tão forte'. Aí, um amigo brasileiro ligou e perguntou se eu tinha escutado o barulho. Minha casa tremeu com as bombas. Só então percebi que estavam acontecendo os ataques. Depois, ouvi mais umas cinco explosões", contou ao UOL.
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A Embaixada do Brasil está orientando os cerca de 500 brasileiros em território ucraniano a deixar o país imediatamente, com exceção dos moradores da capital Kiev, que devem buscar um local seguro, segundo recomendação da entidade. Outro brasileiro que vive na Ucrânia, Rafael de Sousa Pinto disse em seu canal no YouTube que vai tentar cruzar a fronteira com algum país vizinho.
Leovitor pretende seguir o mesmo rumo. Ele perambulou hoje pelas ruas à procura de combustível para o carro, já que deve tentar deixar o país amanhã (25). Em seguida, andou de metrô para ir à casa dos pais da namorada ucraniana. E disse ter se surpreendido com o que viu.
Ninguém esperava um ataque por toda a Ucrânia. Ainda assim, tem pessoas andando normalmente pelas ruas de Kiev. Até sei de gente que foi trabalhar. Parece que algumas pessoas estão acostumadas com as guerras e deixam de se importar tanto"
Leovitor dos Santos, brasileiro há dois anos na Ucrânia
Ele confirmou ainda a grande quantidade de ucranianos dispostos a se alistar para enfrentar as forças russas.
Jogadores de futebol pedem ajuda
Jogadores brasileiros que atuam no Shakhtar Donetsk e no Dínamo de Kiev publicaram um vídeo em suas redes sociais pedindo ajuda ao governo brasileiro para deixarem o país. Há registros de trânsito caótico e filas para abastecer veículos em postos de combustível ou retirar dinheiro em caixas eletrônicos.
Ao menos 137 pessoas morreram após o avanço das tropas russas, no sudeste e no sul da Ucrânia, segundo o governo ucraniano. O exército do país informou ter matado cerca de 50 ocupantes russos perto de Shchastia, no leste do país.
Biden anuncia sanções; Putin ameaça quem tentar intervir
Em pronunciamento, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, anunciou hoje ao menos cinco novas medidas contra bancos e elites da Rússia. Segundo o mandatário norte-americano, haverá bloqueios aos ativos dos quatro instituições financeiras russas, que detêm, juntas, cerca de US$ 1 trilhão em ativos. As sanções não envolvem a retirada do país eurasiático do sistema bancário Swift.
Putin é o agressor, ele escolheu a guerra e agora seu país vai pagar as consequências. Será muito caro economicamente, estrategicamente e se tornará um pária internacional", disse Biden.
O governo norte-americano também anunciou que irá restringir o fluxo de mercadorias para a Rússia para setores como o de alta tecnologia, em que o presidente Vladimir Putin tem investido. Isso pode afetar o desenvolvimento do programa espacial russo.
Em comunicado da Casa Branca enviado à imprensa no início da madrugada de hoje, Biden disse que a operação militar russa na Ucrânia foi "um ataque injustificado" e que trará "uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano".
Em um pronunciamento transmitido em cadeia nacional ontem à noite, o presidente russo Vladimir Putin disse ter autorizado aquilo que definiu como "operação militar especial" da Rússia no leste da Ucrânia e mandou recado para aqueles que tentarem intervir: "A Rússia responderá imediatamente e você terá consequências que nunca teve antes em sua história".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje em um discurso à nação o rompimento das relações diplomáticas com Moscou. Zelensky também adotou lei marcial em todo o território ucraniano, pedindo para que os cidadãos continuem calmos.
A adoção da lei marcial consiste em uma medida que altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando em vigor leis militares.
Mais cedo, o presidente disse que tentou fazer uma ligação para conversar com Vladimir Putin, mas não teve sucesso.
O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico), Jens Stoltenberg, afirmou em entrevista coletiva hoje que o bloco não vai enviar tropas à Ucrânia. O diplomata disse ainda que a Rússia vai pagar um "alto preço político e econômico".
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