Topo

Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Após Bolsonaro defender neutralidade, Brasil condena na ONU invasão russa

Do UOL, no Rio

28/02/2022 15h06

Em seu discurso na sessão extraordinária da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil evitou criticar diretamente a Rússia pela invasão na Ucrânia, mas disse que as preocupações do país com sua segurança não justificam uma ação militar.

A condenação, ainda que em tom mais brando do que os demais países que discursaram na assembleia, vai de encontro ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que disse durante visita ao Kremlin ser "solidário" à Rússia e, ontem, reafirmou a posição de neutralidade do Brasil no conflito.

Logo no início do discurso, a representação brasileira destacou que as preocupações da Rússia com sua segurança por conta da expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foram tratadas com "descrédito", mas condenou a invasão.

"Nos últimos anos, temos visto uma deterioração progressiva da situação de segurança e do balanço de poder na Europa Oriental. O enfraquecimento dos Acordos de Minsk por todas as partes e o descrédito das preocupações com a segurança vocalizadas pela Rússia prepararam o terreno para a crise que estamos vendo. Deixe-me ser claro, no entanto: esta situação não justifica o uso da força contra o território de um estado membro", disse o embaixador Ronaldo Costa Filho na tribuna da ONU.

Costa Filho ainda alertou para o risco de o conflito ganhar escala e envolver mais países. Segundo ele, é preciso agir com cautela para não ampliar as tensões na Europa Oriental, no momento em que a Rússia colocou em prontidão seu arsenal nuclear.

"Nós precisamos ser cautelosos na Assembleia-Geral e em outros contextos. Nós vemos uma sucessão de eventos que se não forem contidos em breve levarão a um confronto muito mais amplo. Todos sofrerão, não só aqueles envolvidos na guerra", disse.

O embaixador brasileiro ainda conclamou as potências ocidentais a reverem os severos embargos econômicos impostos à Rússia.

"O Brasil reforça seus pedidos de um cessar-fogo na Ucrânia. Que se reavalie os ataques cibernéticos e as sanções, sobretudo aquelas que possam prejudicar a economia global", defendeu.

O Brasil vive uma situação diplomática complicada no conflito entre Rússia e Ucrânia. Dias antes do início da invasão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou com o mandatário russo Vladimir Putin em Moscou e disse ser "solidário" à Rússia —declaração que foi criticada internacionalmente.

Ontem, Bolsonaro disse que o Brasil seguiria neutro no confronto, durante uma declaração dada em sua viagem de carnaval para Guarujá, no litoral paulista.

"No meu entender nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível na busca por uma solução", disse o presidente.

Após o vice-presidente Hamilton Mourão defender uma ação militar contra a Rússia, Bolsonaro veio a público desautorizá-lo.

"Quem fala dessa questão chama-se Jair Messias Bolsonaro. Mais ninguém fala. Quem está falando, está dando peruada naquilo que não lhe compete", rebateu.