Na ONU, Rússia diz que entrada da Ucrânia na Otan cruzaria "linha vermelha"
O representante da Rússia na ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou hoje durante sessão extraordinária da Assembleia-Geral que a entrada da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) representaria cruzar uma "linha vermelha" para a segurança russa.
Já o embaixador ucraniano comparou a invasão de seu país pela Rússia com as ações do regime nazista de Adolf Hitler que deram origem à Segunda Guerra Mundial. Convocada ontem, reuniões de emergência da Assembleia-Geral da ONU são raras. Desde 1950, houve apenas dez encontros do gênero.
Repetindo o que já vinha sendo dito pelo presidente russo Vladimir Putin, o embaixador russo Vasily Neenzya disse que a operação militar tem como objetivo "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia. Ele citou em diversos momentos a presença de "neonazistas" nas forças ucranianas e disse que a população etnicamente russa na região do Donbass, no leste da Ucrânia, sofria genocídio.
"Em 2014, houve um golpe inconstitucional em Kiev. E a política deles foi criar um sentimento anti-Rússia e entrar na Otan. Para nós, a entrada da Ucrânia na Otan é cruzar uma linha vermelha", resumiu o embaixador.
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O representante russo também negou que a população e alvos civis estejam sendo atacados pela Rússia, embora haja relatos e vídeos mostrando o oposto. Segundo a própria ONU, 102 civis já morreram no conflito e mais de 300 ficaram feridos.
Ele ainda acusou as potências ocidentais de terem "inundado" a Ucrânia com armas nas mãos de civis.
"As forças armadas russas têm controle, não há bombardeio de civis. Essas áreas estão vivendo suas vidas normalmente, a infraestrutura e transportes não estão sendo atacados. Isso inclui usinas elétricas que estão operando normalmente", disse
Ucrânia compara invasão com ação de Hitler
Antes da fala do representante russo, o embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kylskysia, comparou a invasão de seu país às ações do regime nazista.
"Há paralelos muito claros que poderiam ser feitos com o início da Segunda Guerra Mundial", apontou. "A ação russa é muito similar à estratégia usada pelo Terceiro Reich".
O embaixador ucraniano responsabilizou o regime de Vladimir Putin pela guerra.
"Todo mundo nessa sala, todo mundo no mundo sabe que a Rússia e apenas a Rússia começou essa invasão. Essa guerra não foi provocada e não foi escolhida", ressaltou.
Por fim, o representante da Ucrânia instou os demais países-membros a dizer se apoiaram a entrada da Rússia na ONU após a dissolução da União Soviética.
"Putin fez tudo ao seu alcance para deslegitimar a presença russa na ONU. Mas eu me pergunto se a presença da Rússia na ONU foi legítima em qualquer momento. Se em qualquer momento essa assembleia votou e deliberou sobre a admissão da Federação Russa às Nações Unidas", provocou.
Brasil evita criticar Rússia
O Brasil evitou condenar a Rússia pela invasão na Ucrânia, mas alertou para o risco de o conflito ganhar escala e envolver mais países.
Segundo o embaixador Ronaldo Costa Filho, é preciso agir com cautela para não ampliar as tensões na Europa Oriental, no momento em que a Rússia colocou em prontidão seu arsenal nuclear.
"Nós precisamos ser cautelosos na Assembleia-Geral e em outros contextos. Nós vemos uma sucessão de eventos que se não forem contidos em breve levarão a um confronto muito mais amplo. Todos sofrerão, não só aqueles envolvidos na guerra", disse.
Secretário-Geral da ONU diz que ameaça nuclear é inaceitável
Antes do início das discussões pelos países-membros, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, destacou os impactos dos ataques à população civil, "inclusive crianças".
"Os civis têm que ser protegidos e as leis humanitárias respeitadas", declarou.
Guterres ainda condenou a decisão de Putin de colocar em alerta suas forças de dissuasão, que inclui o arsenal nuclear russo.
"A soberania da Ucrânia, com suas fronteiras internacionais reconhecidas, tem que ser respeitada. As forças nucleares da Rússia foram postas em alerta ontem. É uma novidade terrível, nada pode justificar o uso de armas nucleares", disse.
O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou no Twitter que mais de 500 mil pessoas já deixaram a Ucrânia rumo aos países vizinhos, fugindo da guerra.
Em seu pronunciamento na sessão extraordinária da Assembleia-Geral das Nações Unidas, a China, aliada da Rússia, criticou as potências ocidentais por manterem "a mentalidade da Guerra Fria".
"A Guerra Fria terminou há muitos anos, mas a mentalidade da Guerra Fria não foi abandonada. Não podemos estar diante de uma nova Guerra Fria, todos perderíamos", disse o embaixador chinês na ONU (Organização das Nações Unidas), Zhang Jun.
Segunda maior economia do mundo, a China vive nos últimos anos uma guerra comercial com os Estados Unidos, definida por parte dos analistas como uma Guerra Fria 2.0.
O embaixador francês, Nicolas de Rivière, condenou a invasão russa e conclamou os demais países a aprovar a resolução na Assembleia-Geral: "não reagir é concordar", resumiu. Ainda segundo ele, a França e a União Europeia "estão lado a lado ao povo da Ucrânia"
Já Dame Barbara WoodWard, embaixadora do Reino Unido, definiu a ação russa como "ataque ilegal": "Os fatos são claros: a Rússia invadiu a Ucrânia sem provocação e justificativa".
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