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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


No 7º dia de guerra, Rússia intensifica ataques e é pressionada pela ONU

Colaboração para o UOL

02/03/2022 19h15

A invasão da Rússia à Ucrânia completou hoje uma semana com intensificação dos ataques aéreos em diferentes cidades. A estratégica Kherson —próxima à Crimeia— foi tomada, a Câmara Municipal de Kharkiv —segunda maior do país — foi atingida e também uma estação ferroviária em Kiev, a capital. Os dois países divergem em relação ao número de mortos (veja abaixo).

Em meio aos ataques, a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução deplorando a ofensiva, pedindo a retirada imediata das tropas e apelando para que negociações sejam estabelecidas.

O texto é uma manobra para isolar a Rússia, diplomaticamente, numa ofensiva maior para transformar Vladimir Putin em pária. Apenas cinco países votam contra: Belarus, Eritreia, Coreia do Norte, Rússia e Síria. Mesmo tradicionais adversários dos EUA, como Cuba e China, se abstiveram.

Prefeitura de Kiev informou que explosão atingiu torre de TV perto de estação de metrô - Divulgação/Ucrânia - Divulgação/Ucrânia
Prefeitura de Kiev informou que explosão atingiu torre de TV perto de estação de metrô
Imagem: Divulgação/Ucrânia

Novas explosões

Kiev, capital do país, uma forte explosão provocada por ataque aéreo foi ouvida hoje perto da estação ferroviária, segundo o Ministério do Interior. O prédio resistiu, com pequenos danos.

De acordo com o ministério, a explosão pode deixar a cidade sem aquecimento por ter atingido uma grande tubulação de aquecimento nas proximidades.

Kharkiv, segunda maior cidade do país país, na região leste, foi bastante atingida. Entre os alvos, estava a Câmara Municipal e a sede da polícia. De acordo com o governador Oleg Synegubov, ao menos 25 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas após os bombardeios.

Bombeiros apagam incêndio no prédio do departamento de polícia regional de Kharkiv - AFP - AFP
Bombeiros apagam incêndio no prédio do departamento de polícia regional de Kharkiv
Imagem: AFP

A tomada de Kherson

No sul do país, os russos tomaram o controle da cidade de Kherson, perto da península da Crimeia. A informação foi confirmada pelo próprio prefeito da cidade, Ihor Kolykhaev. Mais cedo, os russos já haviam reivindicado o controle de Kherson, mas o prefeito negou a informação.

Kherson é o primeiro centro de porte razoável que Vladimir Putin terá tomado em sua campanha. Capital do estado de mesmo nome, a cidade é uma das maiores do sudeste do país, com 300 mil habitantes antes da guerra. Kherson é tambem um pólo naval, e o principal ponto ao norte da península da Crimeia.

A tomada de Kherson é estratégica pois, segundo o jornal The New Yok Times, pode abrir caminho para a Rússia avançar para o oeste, em direção a Odessa, que é ainda maior — com quase um milhão de habitantes—, enquanto tenta dominar toda a costa ucraniana do Mar Negro.

Em Enerhodar, no sul da Ucrânia, moradores usaram até caminhões de lixo para bloquear uma rodovia e tentar impedir a entrada de tropas russas na cidade. A região abriga a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior unidade energética da Europa.

Ucranianos bloqueiam estrada para impedir que exército russo invada cidade com maior usina nuclear da Europa - Reprodução - Reprodução
Ucranianos bloqueiam estrada para impedir que exército russo invada cidade com maior usina nuclear da Europa
Imagem: Reprodução

Pouco após o bloqueio, vídeos publicados nas redes sociais mostram as tropas russas investindo contra civis —é possível ouvir tiros e ver pessoas correndo.

Moradores sem comida e sem energia

Mais de 40 mil pessoas estão sem comida e eletricidade no leste da Ucrânia, disse hoje o ministro do Interior, Denys Monastyrsky, como resultado dos ataques da Rússia à região. Entre as cidades afetadas estão Donetsk e Lugansk, territórios ocupados por separatistas pró-Rússia que foram reconhecidos por Vladimir Putin como repúblicas autônomas.

O local onde a situação é mais crítica é na cidade de Bucha, a cerca de 30 quilômetros de Kiev. "O governo já criou um centro coordenador para o fornecimento de alimentos, água, medicamentos e combustível", afirmou o ministro.

Já a cidade portuária ucraniana de Mariupol, no leste do país, está sofrendo baixas em massa e escassez de água à medida que se defende de uma investida ininterrupta das forças russas, disse o prefeito Vadym Boichenko em uma transmissão ao vivo na TV ucraniana. Segundo ele, as forças russas tentam bloquear a saída de civis da cidade, de 500 mil habitantes.

Refugiados passam de 1 milhão

Um milhão de pessoas já fugiu da Ucrânia desde o início da invasão, informou hoje o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. A maioria dos refugiados deixa a Ucrânia em direção à Polônia. Hungria, Eslováquia e a própria Rússia, também recebem as pessoas.

Ontem, a ONU calculava o número de refugiados vindos da Ucrânia em 677 mil — ou seja: houve uma alta de 160 mil pessoas em apenas um dia.

Divergência sobre total de mortos

A Rússia e a Ucrânia divulgaram hoje números divergentes de soldados russos mortos durante a invasão ao país vizinho. Em vídeo publicado no Telegram, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que 6.000 militares adversários haviam morrido em seis dias. Mas o número do porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, não chega a 500.

"As mães russas estão perdendo os filhos em um país estrangeiro. Pensem neste número: 6 mil russos mortos em seis dias de guerra. Para quê? Para tomar a Ucrânia? É impossível, estamos na nossa terra nativa", disse Zelensky em um vídeo publicado no canal dele no Telegram.

Enquanto isso, o ministério russo afirma que 498 soldados do país morreram durante o que chamam de "operação especial", e 1.597 foram feridos, de acordo com a agência de notícias estatal Ria Novosti. O órgão informou que as perdas foram maiores nos batalhões ucranianos: mais de 2.870 teriam sido mortos e 3.700 feridos.

Não há checagens independentes sobre o total de vítimas até agora. O jornal The New York Times estimou ontem que 2.000 russos tenham morrido no conflito até o momento, de acordo com previsões de três funcionários do governo norte-americano e de países europeus.

O Serviço de Emergências ucraniano estima que ao menos 2.000 civis tenham morrido desde que as tropas russas entraram no país, na última quarta-feira (23).

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL