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Ucrânia pede ajuda da Cruz Vermelha para criar corredor de fuga de civis

03.mar.2022 - Exército da Rússia avança no território da Ucrânia. Invasão foi registrada em Energodar - Reprodução / Twitter / @ursoi_danut
03.mar.2022 - Exército da Rússia avança no território da Ucrânia. Invasão foi registrada em Energodar Imagem: Reprodução / Twitter / @ursoi_danut

Colaboração para o UOL, em São Paulo*

04/03/2022 07h51Atualizada em 04/03/2022 08h16

A Ucrânia pediu hoje a ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para criar os "corredores" humanitários para a fuga de civis de seu território em meio à guerra com a Rússia. Ontem, a Rússia e Ucrânia terminaram a segunda rodada de negociações sobre o conflito e, diferente da primeira conversa, que terminou sem acordo, os países concordaram em montar um corredor de fuga para os civis.

A informação do acordo foi divulgada inicialmente pela agência de notícias russa Tass e confirmada por autoridades ucranianas. "As partes chegaram a um entendimento sobre a criação conjunta de corredores humanitários com um cessar-fogo temporário", disse o conselheiro presidencial da Ucrânia Mykhailo Podolyak.

"Os assentamentos em áreas de hostilidades que exigem a criação de corredores humanitários estão localizados nas regiões de Sumy, Chernigov, Kharkiv, Kiev, Mykolaiv, Zaporizhia, Kherson, Luhansk e Donetsk, etc. Por sua vez, a Cruz Vermelha da Ucrânia auxilia as autoridades locais e estaduais na coordenação da evacuação de civis, mas a Cruz Vermelha não possui um mandato independente para tais ações", explicou o governo ucraniano nesta sexta-feira (04).

Os corredores humanitários são áreas consideradas seguras, pelas quais civis poderão escapar. Não foram divulgados detalhes sobre quando, onde e como eles vão funcionar na Ucrânia.

O país invadido também declarou estar pronto para "garantir a saída de pessoas e entregar bens humanitários".

"As Forças Armadas [da Ucrânia] garantem a passagem segura dos corredores. A Ucrânia também espera isso do lado russo", finalizou a nota.

A estratégia dos corredores de fuga foi usada em conflitos recentes, mas não é consenso — na Síria, em 2016, organizações internacionais, a ONU (Organização das Nações Unidas) e os Estados Unidos alertaram que a retirada da população de determinadas regiões poderia deixá-las mais vulneráveis. No caso da Ucrânia, deixar as áreas vazias pode facilitar o deslocamento de tropas e a ocupação militar russas.

Especialistas apontam possíveis problemas em corredores de fuga

No caso da Ucrânia, especialistas disseram ao UOLque deixar as áreas vazias pode facilitar o deslocamento de tropas e a ocupação militar russas.

"É um passo significativo já que diminui cenas que temos visto de civis sendo atingidos, mas tem uma série de medidas de logística para colocar em prática, que ainda não estão claras", disse Denilde Oliveira Holzhacker, doutora em ciência política e professora de relações internacionais da ESPM.

De acordo com a professora, é importante entender quais áreas terão esses corredores e por quanto tempo eles funcionarão, por exemplo.

O professor de direito internacional Lucas Carlos Lima, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), ressalta que "naturalmente" existem riscos que não podem ser subestimados.

"Há casos históricos em que foram mal utilizados", avalia. Como exemplo, cita o conflito entre forças congolesas e rebeldes, em 2008, na província de Nord Kivu, na República Democrática do Congo. "Corredores humanitários criados pelas forças de manutenção de Paz da ONU foram acusados de facilitar o acesso a armamentos na região", conta.

*Com Ana Paula Bimbati, do UOL, em São Paulo