Parlamentar ucraniano diz que 300 mil estão sem água em Mariupol
Um parlamentar ucraniano de Mariupol disse que a Rússia está tentando matar de fome as pessoas que estão na cidade, sitiada por tropas russas. O conflito chega hoje ao 27º dia.
Em entrevista à emissora britânica Sky News, Dmytro Gurin disse que "anos de seu passado" foram destruídos pelas forças da Rússia e milhares de pessoas no porto do Mar Negro continuam a viver sem água, aquecimento e eletricidade.
"É difícil ver que tudo o que eu sabia foi destruído, minha escola, universidade, bairro, tudo. Anos do meu passado foram destruídos. É apenas o meu sentimento e vou me acostumar com isso, mas para as 300 mil pessoas que ainda vivem em Mariupol é muito mais importante. Eles vivem sem aquecimento, eletricidade, água e suas condições medievais e bombardeios e tiroteios em Mariupol nunca param", descreveu ele.
Localizada no sudeste da Ucrânia, próxima da Crimeia, Mariupol tem sido o principal alvo de bombardeios das tropas russas nos últimos dias. Sua posição geográfica é um dos motivos que a fazem ser importante dentro da estratégia da Rússia, segundo especialistas ouvidos pelo UOL.
Desde a invasão, Mariupol tem sofrido uma escalada de ataques, que deixaram a cidade sem água, luz e aquecimento — segundo a prefeitura, as forças militares destruíram quase 80% da infraestrutura do município.
Até a semana passada, ao menos 10% dos 430 mil habitantes haviam deixado a cidade, de acordo com as autoridades ucranianas — parte deles seguiu para Zaporizhzhya, a cerca de 200 km de distância. Mariupol terá corredores de evacuação a partir de áreas próximas à cidade.
- Veja últimas notícias da guerra na Ucrânia e mais no UOL News:
Ucrânia: Rússia tem munição para não mais que três dias
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse hoje que as forças russas estão ficando sem suprimentos para a guerra. "De acordo com as informações disponíveis, as forças de ocupação russas que operam na Ucrânia têm estoques de munição e alimentos para não mais de três dias", disse, em comunicado, o ministério, que apontou "situação semelhante com combustível".
O governo russo, por sua vez, disse que a Ucrânia "usa seus próprios cidadãos como 'escudo humano'" e fez uma comparação com o nazismo. "As Forças Armadas da Ucrânia colocam armas pesadas nas áreas residenciais de Mariupol [cidade portuária na Ucrânia]. Os nazistas fizeram o mesmo em Berlim [capital da Alemanha] sitiada em 1945", disse o Ministério de Relações Exteriores da Rússia.
As autoridades da Ucrânia não relataram ataques à capital, Kiev, nas últimas horas. Desde as 20h de ontem, horário local (15h, em Brasília), a cidade está sob um toque de recolher de 35 horas. Hoje, por ao menos cinco vezes, as sirenes de alerta para ida a abrigos foram acionadas na capital.
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