Rússia acusa EUA de 'banditismo' e diz não ter planos de ataque cibernético
A Rússia rebateu hoje os alertas dos Estados Unidos de que os russos poderiam estar se preparando para conduzir ataques cibernéticos em resposta às sanções ocidentais aplicadas por conta da guerra contra a Ucrânia e afirmou que não se envolve em "banditismo".
Segundo a agência russa de notícias Tass, falando a repórteres em uma entrevista coletiva, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rebateu o presidente estadunidense, Joe Biden, e disse que, "ao contrário de muitos países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, a Rússia não se envolve em banditismo".
Peskov também disse que as negociações em curso com a Ucrânia para pôr fim à guerra deveriam ser mais "substanciais". Ontem, o porta-voz russo declarou que as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia ainda não haviam tido nenhum progresso significativo.
Está em curso um certo processo (de negociações), mas gostaríamos que fosse mais enérgico, mais substancial.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin
Biden faz alerta para possíveis ataques cibernéticos russos
Biden advertiu ontem que os serviços de inteligência indicam uma crescente ameaça cibernética russa e pediu às empresas americanas que prepararem defesas "imediatamente".
"Se ainda não o fizeram, peço a nossos parceiros do setor privado a fortalecerem suas defesas cibernéticas de imediato", disse Biden em um comunicado.
Ele citou informação de inteligência em desenvolvimento, segundo as quais "o governo russo está explorando opções para possíveis ataques cibernéticos", inclusive em resposta às sanções ocidentais impostas a Moscou por sua ofensiva na Ucrânia. "É parte do manual da Rússia", disse.
Biden afirmou que o governo dos Estados Unidos "continuará utilizando todas as ferramentas para dissuadir, interromper e, se for necessário, responder aos ataques cibernéticos contra a infraestrutura crítica".
Mais tarde, Biden também declarou em uma reunião de líderes empresariais norte-americanos que a Rússia tem "uma capacidade cibernética muito sofisticada" e que um ataque era uma das táticas "mais provável" que o presidente russo, Vladimir Putin, usaria.
Referindo-se a uma cúpula no ano passado em Genebra, onde advertiu Putin contra os ataques cibernéticos à infraestrutura crítica dos Estados Unidos, Biden disse que teve "uma longa conversa sobre qual seria a consequência se os usasse".
"Mas o ponto é que ele tem a capacidade. Ainda não os usou", acrescentou.
Rússia diz que relação com EUA está à beira de ruptura
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou ontem o embaixador dos Estados Unidos em Moscou e disse que as relações entre os dois países estão "à beira de uma ruptura".
Em nota, o órgão disse que entregou ao diplomata John Sullivan um protesto contra falas recentes do presidente Joe Biden. "Essas declarações do presidente dos EUA, indignas de um homem público desse escalão, colocam as relações russo-americanas à beira de uma ruptura", escreveram.
A chancelaria da Rússia disse ainda que "ações hostis" contra o país serão respondidas de maneira "decisiva e firme".
O comunicado não especifica a quais falas se refere, mas, na semana passada, Biden classificou Putin como "criminoso de guerra" e "ditador assassino" pela invasão à Ucrânia, que está prestes a completar um mês.
*Com AFP e Reuters
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