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Zelensky diz ver risco 'real' de Rússia usar armas químicas na Ucrânia

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/03/2022 14h19Atualizada em 24/03/2022 15h45

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje que existe um risco "real" de a Rússia usar armas químicas em território ucraniano e acusou as tropas comandadas por Vladimir Putin de lançarem bombas de fósforo.

"A ameaça de um uso em grande escala de armas químicas por parte da Rússia no território da Ucrânia é real", afirmou Zelensky, por videoconferência em uma cúpula do G7, acrescentando que seu governo tem informações sobre o uso de bombas de fósforo pelas tropas russas.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Em um discurso proferido pela manhã e transmitido em uma cúpula extraordinária da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Zelensky já havia denunciado o uso de bombas de fósforo.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou hoje que a organização decidiu abastecer os grupos de combate táticos estacionados em seu flanco leste com equipamentos para lidar com estas armas e ameaças não convencionais (químicas, biológicas e nucleares).

"Pode se tratar de detecção, equipamento, proteção e apoio médico, assim como formação sobre contaminação e de gestão de crise", acrescentou.

"Também melhoramos o estado de preparação das forças" dos países da Otan, disse Stoltenberg.

"O comandante supremo das forças militares da Aliança, general Walters, ativou os elementos de defesa química, biológica, radiológica e nuclear da Otan, e nossos aliados (os países da Otan) possuem os meios de defesa para reforçar as forças dos Grupos Táticos", prosseguiu.

"Tomamos essas medidas para apoiar a Ucrânia e nos defendermos", assegurou.

A aliança militar transatlântica emitiu fortes advertências à Rússia, no caso do uso de armas químicas, ou biológicas.

Nos últimos anos, os países ocidentais responsabilizaram a Rússia por dois casos de envenenamento com o agente nervoso Novichok. O primeiro deles foi o ataque contra o ex-espião russo Serguei Skripal na Inglaterra, em 2018, e o segundo, contra o opositor político Alexei Navalny, em 2020.

EUA fala em resposta à altura

Hoje, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em coletiva de imprensa que o uso de armas químicas pela Rússia no território ucraniano deflagraria uma "resposta à altura" da Otan contra o país.

Já ontem, Biden também disse que há uma ameaça real de uso de armas químicas pela Rússia na guerra contra a Ucrânia. Foi a segunda vez nesta semana que Biden sugere que a Rússia está criando pretextos para atacar com armas químicas e biológicas.

Biden foi questionado por repórteres na saída da Casa Branca. Ele embarca hoje para a Europa, onde enfrenta uma maratona diplomática. Amanhã, ele participará de três cúpulas internacionais em Bruxelas: da Otan, do G7 e da União Europeia.

Armas químicas são qualquer artefato que tenha toxinas ou substâncias químicas que atacam o corpo humano. Armas biológicas são usadas para disseminar propositalmente agentes patogênicos perigosos.

Alemanha adverte Rússia sobre armas químicas e biológicas

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, advertiu o presidente Vladimir Putin sobre um possível uso de armas biológicas ou químicas na Ucrânia, informou o jornal Die Zeit.

Scholz diz que as declarações do governo russo de que a Ucrânia está desenvolvendo armas ou que os Estados Unidos querem usá-las parecem "como uma ameaça implícita de que o próprio Putin está considerando usar essas armas", afirmou o chanceler.

"É por isso que era importante para mim dizer a ele muito clara e diretamente: Isso seria inaceitável e imperdoável", disse Scholz ao Die Zeit.

Nesta semana, Rússia, Estados Unidos e o Reino Unido trocaram acusações em uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU.

Os comentários foram feitos por diplomatas a repórteres após a Rússia levantar a questão de um vazamento de amônia na cidade sitiada de Sumy, no nordeste da Ucrânia — culpando "grupos radicais nacionalistas ucranianos".

Segundo o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, as tropas russas "nunca planejaram ou realizaram ataques contra instalações ucranianas onde substâncias tóxicas são armazenadas ou produzidas".

É difícil não concluir -dado seu histórico no Reino Unido, na Rússia contra Alexei Navalny, dado o que vimos na Síria- que isso pode ser um prelúdio para que os próprios russos criem algum tipo de ataque falso com armas químicas.
Embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, a repórteres

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, rechaçou as acusações da Rússia como "ridículas".

"Nossa preocupação é que isto seja um precursor para os planos da Rússia para usar armas químicas."

*Com AFP e Reuters