Putin tem histórico de acusações de envenenamento a opositores; relembre
Não é a primeira vez que Vladimir Putin é acusado de mandar envenenar opositores. A controversa fama remonta ao início dos anos 2000, quando ele assumiu a Presidência da Rússia. Sob o guarda-chuva do Serviço Federal de Segurança daquele país, a prática seria uma tradição herdada dos tempos da extinta URSS (União Soviética).
Um dos primeiros casos de envenenamento ocorrido sob seu governo ocorreu em setembro de 2004, quando o candidato da oposição à eleição presidencial ucraniana, Viktor Yushchenko, ficou gravemente doente.
Primeiro-ministro da Ucrânia de 1999 a 2001 e fundador do partido Nossa Ucrânia, anti-Rússia e pró-UE, Yushchenko precisou ser internado no ano seguinte com pancreatite aguda devido a uma infecção viral e química. Seu rosto também ficou desfigurado, mas ele sobreviveu. A doença havia sido provocada por dioxina que ele teria ingerido durante uma refeição.
Passadas quase duas décadas após o episódio, o suposto envenenamento do oligarca bilionário Roman Abramovich e dois negociadores ucranianos após uma reunião em Kiev, na capital da Ucrânia, no início de março, surge agora para engrossar a lista de acusações que recaem sobre Putin.
Relembre abaixo outros casos:
Alexei Navalny
Envolvido em espionagem, o principal líder da oposição russa ganhou destaque no noticiário internacional no segundo semestre de 2020, quando foi envenenado e passou por uma longa recuperação. No começo de 2021, depois de meses fora da Rússia, ele voltou para o país comandado por Vladimir Putin pela primeira vez desde seu envenenamento e foi preso. Agora, uma onda de protestos pedem sua libertação.
O governo alemão disse que Navalny foi envenenado por uma sofisticada substância conhecida como Novichok, o que deu ainda mais atenção ao caso, ao reforçar suspeitas de que o Estado russo estivesse por trás do envenenamento. A maior parte do agente químico teria sido plantada na cueca dele. O Kremlin negou as acusações de envolvimento.
Alekdandr Litvinenko
Espião russo de 1988 a 1998, Litvinenko foi expulso do país ao dar uma entrevista dizendo que teria recebido a ordem de matar um ex-espião acusado de revelar segredos de Estado e sequestrar um empresário. Asilado no Reino Unido desde 2001, tornou-se crítico de Vladimir Putin e jornalista.
Foi internado com uma doença repentina em 1º de novembro e morreu vítima de um ataque cardíaco 22 dias depois. Segundo a investigação britânica, foi contaminado por polônio-210 que estava no chá que tomou em um encontro com agentes russos. Moscou nega.
Alexander Perepilichny
O empresário deixou Moscou em 2009 para morar na Inglaterra. No ano seguinte, entregou a promotores suíços documentos que incriminavam altas autoridades russas em uma fraude de US$ 220 milhões ao Tesouro por meio de um fundo de investimento. Foi encontrado morto em um parque de Londres em 2012.
Dois anos após sua morte, autópsia feita por uma seguradora detectou que ele havia ingerido Gelsemium. No ano passado, foram revelados documentos dos EUA que acusavam a Rússia de tê-lo assassinado.
Sergei e Yulia Skripal
Serguei foi agente de inteligência russo até 1999. Em seus últimos quatro anos de carreira serviu ao serviço secreto britânico. Após ser descoberto, foi condenado a 13 anos de prisão em 2006 por alta traição, mas quatro anos depois foi libertado em uma troca de espiões com os EUA e passou a morar no Reino Unido.
Ele e sua filha, Yulia, foram encontrados inconscientes sentados em um banco de um centro comercial da cidade inglesa de Salisbury em 4 de março. O ex-espião deixou o hospital em 18 de maio e a filha, em 10 de abril. O governo britânico determinou que eles foram atingidos com o agente químico Novitchok.
Pyotr Verzilov
Ativista do grupo Pussy Riot, Verzilov invadiu o campo do Estádio Olímpico Lujniki, em Moscou, na final da Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Após uma audiência judicial, em 11 de setembro daquele ano, subitamente perdeu a fala, a visão e a capacidade de andar. Foi internado em Moscou e, cinco dias depois, transferido para Berlim, onde um médico disse que teria sido envenenado por um agente desconhecido.
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