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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


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Guerra da Rússia faz Otan cogitar presença permanente em fronteira ao leste

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg - 5.abr.2022 - François Walschaerts/AFP
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg Imagem: 5.abr.2022 - François Walschaerts/AFP

Do UOL*, em São Paulo

10/04/2022 09h15Atualizada em 10/04/2022 12h31

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) faz planejamentos para ter uma presença militar permanente em suas fronteiras no leste como reflexo da invasão da Rússia ao território ucraniano, que hoje chegou a seu 46º dia.

Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a Otan —uma aliança militar com 30 países— está "no meio de uma transformação muito fundamental" que refletirá "as consequências de longo prazo" das ações do presidente russo, Vladimir Putin.

"O que vemos agora é uma nova realidade, um novo normal para a segurança europeia. Portanto, agora pedimos aos nossos comandantes militares que forneçam opções para o que chamamos de redefinição, uma adaptação de longo prazo da Otan", disse Stoltenberg. As definições deverão ser tomadas na cúpula do grupo que acontecerá em junho.

Neste domingo (10), novos ataques foram registrados no leste da Ucrânia, atual foco dos avanços da Rússia, e também no sudeste ucraniano.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Aeroporto atingido

O aeroporto da cidade de Dnipro, no leste da Ucrânia, voltou a ser bombardeado hoje pela Rússia e ficou "destruído", informou o governador regional.

Dnipro é uma cidade industrial de um milhão de habitantes, atravessada pelo rio Dnieper —Dnipro, em ucraniano—, que marca o limite das regiões leste do país. Até agora, tinha sido relativamente pouco afetada pelo avanço das forças russas.

dnipro - Ronaldo Schemidt/AFP - Ronaldo Schemidt/AFP
Fumaça é vista na região do aeroporto de Dnipro, na Ucrânia, atingido por um ataque neste domingo
Imagem: Ronaldo Schemidt/AFP

Comboio a leste de Kharkiv

Imagens de satélite coletadas e analisadas pela empresa americana Maxar Technologies mostram um comboio militar de 13 quilômetros de comprimento indo em direção à cidade de Velkyi Burluk, a leste de Kharkiv, o segundo maior município da Ucrânia. As imagens são de 8 de abril.

Comboio militar se move em direção ao leste da Ucrânia - Maxar Technologies/via REUTERS - Maxar Technologies/via REUTERS
Comboio militar se move em direção ao leste da Ucrânia
Imagem: Maxar Technologies/via REUTERS

Segundo a empresa, o comboio é composto por "veículos blindados, caminhões com artilharia rebocada e equipamentos de apoio".

Movimentos

Para o Ministério da Defesa da Ucrânia, o exército russo "está tentando romper as defesas" ucranianas na área da cidade de Izyum e estabelecer controle total sobre a cidade de Mariupol. "Além disso, os ocupantes tentam melhorar a posição tática das divisões na direção de Mykolaiv."

Sobre Mariupol, cidade portuária, considerada estratégica para a Rússia no sul do país, o ministério ucraniano disse que, com ataques aéreos, os russos tentam capturar a parte central. Praticamente desde o início da invasão, a cidade está cercada.

Para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, "Mariupol é o coração desta guerra hoje". "Está batendo. Estamos lutando. Somos fortes. E, se parar de bater, estaremos em uma posição mais fraca. Eles [defensores da cidade] são pessoas que estão distraindo uma grande parte das forças inimigas", disse Zelensky, em entrevista à agência AP.

Chernobyl

As forças russas que ocuparam Chernobyl roubaram substâncias radioativas dos laboratórios que poderiam ser letais, informou, neste domingo (10), a agência estatal de gestão da zona de exclusão que rodeia a antiga usina nuclear. Segundo as autoridades, eles entraram em uma zona de armazenamento e roubaram 133 substâncias altamente radioativas.

As forças russas ocuparam a central de Chernobyl no primeiro dia da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e permaneceram mais de um mês nesta zona altamente radioativa, antes de se retirarem em 31 de março. A usina de Chernobyl foi o local onde ocorreu a pior catástrofe nuclear do mundo, em 1986.

Papa pede trégua de Páscoa

O papa Francisco pediu, neste domingo (10), uma "trégua de Páscoa" na Ucrânia "para alcançar a paz através de negociações verdadeiras".

"Deponham as armas! Que se inicie uma trégua de Páscoa, mas não para voltar a carregar as armas e retomar o combate. Não! Uma trégua para alcançar a paz através de negociações verdadeiras", declarou o pontífice, após ter celebrado a missa do domingo de Ramos na praça de São Pedro.

"Que vitória será essa que colocará uma bandeira sobre um monte de escombros?", questionou o papa sobre esta "guerra que a cada dia nos põe diante dos olhos massacres ferozes e crueldades atrozes, cometidas contra civis indefesos".

"Gente de ferro"

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse, em vídeo divulgado neste domingo (10), um dia depois de sua visita surpresa a Kiev, ter viajado de trem da Polônia à capital ucraniana, e prestou homenagem à "gente de ferro".

"Bom dia, sou Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, viajo a bordo de um trem fantástico da companhia ferroviária ucraniana da Polônia a Kiev", anuncia no vídeo, no qual aparece de pé a bordo de uma composição, vestindo camisa branca e suéter azul marinho.

"Aqui dizem 'gente de ferro'. É em relação à sua profissão, mas também reflete sua mentalidade, uma verdadeira mentalidade que os ucranianos demonstram ao resistirem à horrível agressão russa", prosseguiu Johnson.

Ele também apresentou suas condolências aos ferroviários, vítimas de um míssil disparado na sexta-feira contra uma estação de trem em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, que deixou 52 mortos, entre eles cinco crianças, que tentavam fugir do conflito.

Boris Johnson fez uma visita inesperada a Kiev no sábado, na qual prometeu novas armas à Ucrânia. Esta visita não foi anunciada publicamente por nenhuma das duas partes. Foi a primeira vez desde o início da invasão russa que um dirigente do G7 viaja à Ucrânia.

(Com Reuters e AFP)