Além de Israel e Ucrânia: mundo tem ao menos 10 guerras sangrentas em curso
O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas entrou no terceiro dia nesta segunda-feira (9). O ataque e a reação deixaram mais de 1 mil mortos, segundo as autoridades locais - número que deve seguir crescendo.
Mas esse não é o único conflito a causar mortes e sofrimento na atualidade. Veja outras guerras em andamento:
Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Sem um fim à vista para o conflito, os russos ocupam áreas significativas no leste e no sul do país.
As forças russas tomaram grandes partes do território na região de Kharkiv nos primeiros dias da invasão. Desde então, o Exército ucraniano recuperou parte do território fronteiriço durante uma ofensiva-relâmpago lançada no final do ano passado.
A guerra da Ucrânia provocou uma grande mobilização internacional como poucas vezes se viu na última década. Mas, apesar dos esforços diplomáticos para resolver a situação, o conflito continua a ser uma fonte de instabilidade na região.
Etiópia
Uma guerra que dura mais de um ano já deixou milhares de mortos na Etiópia, leste da África. As forças pró-governo e os rebeldes da região de Tigré duelam no norte do país desde novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército federal para expulsar as autoridades da área, governada até então pela TPFL (Frente de Libertação do Povo Tigré), movimento que contestava sua autoridade.
As tropas da TPLF foram derrotadas, mas, em 2021, os rebeldes tomaram o controle da região e, desde então, avançaram para locais próximos de Amhara e Afar.
Em março deste ano, o governo etíope e os rebeldes da região de Tigré anunciaram um cessar-fogo. Mas uma nova frente de batalha, na região de Afar, está colocando em risco as negociações de paz.
Segundo a Reuters, apesar do cessar-fogo, os confrontos continuam acontecendo em dois dos seis distritos ocupados pelos combatentes de Tigré, com aumento "significativo" de forças ao longo da fronteira.
Iêmen
O Iêmen vive hoje um dos períodos mais violentos desde 2014, quando iniciou a guerra civil no país que coloca em embate direto duas potências do Oriente Médio. De um lado estão as forças do governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, apoiadas por uma coalizão sunita liderada pela Arábia Saudita. Do outro, a milícia rebelde houthit, de xiitas, apoiada pelo Irã, que controla a capital, Sanaa, e partes do oeste do país.
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Quero receberSó em fevereiro foram mais de 700 ataques aéreos registrados por lá. O conflito foi motivado pelo fracasso da transição política após a Primavera Árabe, que obrigou o antigo presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, a entregar o poder ao seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi, em 2011.
A ONU (Organização das Nações Unidas) classifica o Iêmen como a pior situação humanitária do mundo. Até o momento, a guerra já causou 233 mil mortes, incluindo 131 mil por causas indiretas, como falta de alimentos, serviços de saúde e infraestrutura. Mais de 10 mil crianças morreram como consequência direta dos combates.
Mianmar
Em fevereiro de 2021, o exército de Mianmar derrubou o governo eleito do país, prendeu líderes políticos, fechou o acesso à internet e suspendeu os voos internacionais. Isso resultou em uma guerra civil que já dura mais de um ano entre militares e grupos organizados de civis armados.
De acordo com o grupo de monitoramento de conflitos Acled (sigla em inglês para "Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos"), os confrontos estão espalhados por todas as regiões do país e cerca de 12 mil pessoas foram mortas desde que os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro de 2021.
Os grupos que lutam contra as forças do governo são conhecidos coletivamente como PDF (Força de Defesa do Povo, na sigla em inglês), uma rede informal de grupos de milícias civis composta em grande parte por jovens.
Síria
Protestos contra o presidente Bashar al-Assad da Síria, em 2011, se transformaram em uma guerra civil que já dura mais de uma década. O confronto já deixou mais de 380 mil mortos, 200 mil desaparecidos, arrasou cidades e envolveu outros países estrangeiros.
A Guerra na Síria foi deflagrada após denúncias de corrupção no governo do país. Em março de 2011, vieram os protestos ao sul de Derra em favor da democracia.
A população revoltou-se contra a prisão de adolescentes que escreveram palavras revolucionárias nas paredes de uma escola. Centenas de grupos rebeldes surgiram e não demorou muito para que o conflito se tornasse mais do que apenas uma batalha entre sírios a favor ou contra Assad.
Países como Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França também tomaram partido no conflito, enviando dinheiro, armas e combatentes. Além disso, organizações jihadistas, como o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda, também se envolveram.
A guerra na Síria tem diminuído sua intensidade, com Assad conseguindo dominar boa parte do país, mas ainda há resistência em diversas partes, o que deve provocar ainda mais mortes e problemas humanitários nos próximos anos.
Sudão do Sul
O Sudão do Sul é o país mais novo do mundo. Foi reconhecido em 2011, após a separação com o Sudão. Mas a nova nação enfrenta uma guerra civil desde 2013 e está mergulhada em um quadro de violência político-étnica e instabilidade crônica.
De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, das 12 milhões de pessoas que habitam o Sudão do Sul, 6 milhões estão em situação de fome e necessitam de assistência alimentar.
Um acordo de paz assinado em 2018 pelos inimigos Riek Machar e Salva Kiir continua sendo, em grande parte, inaplicável. Mais de dois milhões de sul-sudaneses fugiram do país, constituindo a "maior crise de refugiados da África", segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Militantes Islâmicos na África
Após a queda do Estado Islâmico no Oriente Médio, em 2017, grupos de militantes islâmicos se voltaram cada vez mais para a África, onde governos fragilizados não possuem força suficiente combater a sua influência.
Esses grupos jihajistas tentam dominar várias regiões em países como Mali, Niger, Burkina Faso, Somália, Congo e Moçambique.
Em Moçambique, o Ministério da Defesa enviou tropas para a cidade de Palma, no norte do país, para conter o avanço na região. O local possui ricas reservas de gás natural que estão sendo exploradas em colaboração com empresas multinacionais de energia.
Na República Democrática do Congo, o governo acusa a milícia conhecida como Forças Democráticas Aliadas de ter assassinado pelo menos 23 civis nos últimos dias. Os Estados Unidos consideram esse grupo aliado do Estado Islâmico.
Existe o temor de que esses conflitos possam ser prolongados, gerando inúmeras mortes e problemas humanitários.
Afeganistão
O Afeganistão já foi palco de um dos conflitos mais noticiados do mundo, após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O governo norte-americano invadiu o país sob a acusação de que o Talebã esteve por trás dos atentados. Foram quase duas décadas de intensos combates e milhares de mortes, até que o Talebã voltou ao poder no ano passado.
Com isso, o nível de violência caiu no país, mas a nação deverá enfrentar uma das mais graves crises humanitárias que já se viu por causa das sanções e isolamento impostos por grande parte do mundo.
Nagorno-Karabakh
Armênia e Azerbaijão lutam pelo controle de Nagorno-Karabakh. O exército do Azerbaijão tomou a região separatista no final de setembro e, desde então, a Armênia afirma que já recebeu mais de 50 mil pessoas que deixaram a região.
Para os habitantes que deixaram Nagorno-Karabakh, esta região faz parte da Grande Armênia, um teórico conjunto de áreas historicamente povoadas pelo grupo étnico armênio cristão ortodoxo. Já o Azerbaijão é um território de maioria muçulmana. Para os sucessivos dirigentes de Baku, a região montanhosa de Nagorno-Karabakh mais a extensa faixa adjacente do sul da Armênia provocam uma descontinuidade territorial indesejada.
*Com reportagem publicada em 12/04/2022
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