'Navio russo, vá se f...': a história por trás do selo que custa 100 euros
Um selo postal vem fazendo muito sucesso na Ucrânia, com quase meio milhão de cópias vendidas em apenas 5 dias. O selo tem a imagem de um soldado ucraniano mostrando o dedo do meio para o navio de guerra Moskva, o principal da frota russa, que afundou na última quinta-feira (14) no mar Negro.
Segundo o site Pravda, o hype em torno do selo foi tanto que algumas pessoas começaram a revendê-lo por um preço muito acima do recomendado —colecionadores têm enfrentado filas em agências para conseguir um. Após esgotar em muitas agências dos correios, exemplares têm aparecido para revenda em vários sites por preços que podem chegar a 100 euros (R$ 508).
"Queríamos imprimir mais, mas o bombardeio de ontem à noite em Kiev afetou o trabalho da fábrica e não conseguimos imprimir a quantidade necessária", declarou à agência AFP Igor Smelyansky, o diretor-geral da Ukrposhta, a empresa de correios do país.
A Ukrposhta informou que a partir de agora as pessoas não poderão comprar mais de 5 folhas de selos —cada folha contém seis selos. A agência também cancelou a solicitação de selos por meio da internet.
"Já temos ideias e estamos preparando novas edições, mas por enquanto pedimos que mantenham a cabeça fria na hora de comprar selos com o navio. Deixe-os alcançar o maior número de pessoas possível", diz em publicação no Facebook.
O post ainda traz uma montagem com o personagem Bob Esponja recebendo milhares de pessoas em sua casa e comercializando o selo famoso.
Mas qual a história do selo?
O selo foi lançado na metade de março, mas só entrou em circulação em abril, com um milhão de unidades.
A imagem ficou muito famosa no país porque foi relacionada à resistência dos soldados contra o exército russo.
O selo celebra um grupo de soldados ucranianos de uma guarnição militar da Ilha das Serpentes, no mar Negro, que se recusou a se render para os russos nos primeiros dias do conflito.
Na ocasião, os soldados, cercados por navios russos, incluindo o Moskva, responderam aos ultimatos russos com insultos. "Navio russo, vá se f...*", disse um dos soldados por rádio.
Após o incidente, o governo ucraniano chegou a divulgar que os soldados teriam morrido em um ataque final dos russos. Mas a informação foi desmentida posteriormente e houve a confirmação de que eles haviam sido aprisionados.
Mais tarde, o grupo foi libertado em troca de alguns prisioneiros russos. Durante a troca, o soldado ucraniano Roman Grybov, que teria sido o responsável pela famosa frase em direção ao navio Moskva, foi libertado e acabou condecorado pelo governo ucraniano.
A frase proferida pelo militar virou um slogan na Ucrânia para levantar o moral da população diante dos ataques russos, tornando-se um símbolo da resistência da Ucrânia.
Naufrágio do Moskva
Ucrânia e Rússia dão diferentes versões sobre o naufrágio do principal navio da frota russa, que marcou um significativo revés para a capacidade de fogo do país. Em serviço desde 1983, o Moskva foi o maior navio de guerra perdido durante um conflito desde a Segunda Guerra Mundial.
O prestígio do navio entre a frota russa era tão grande que em 2020 a Igreja Ortodoxa Russa, que tem laços estreitos com o Kremlin, encaminhou para o Moskva um suposto pedaço da "Vera Cruz", a cruz na qual Jesus Cristo foi crucificado.
O governo russo diz que o navio sofreu uma explosão causada por um incêndio em um compartimento que guardava munições. Já o governo ucraniano diz que o navio foi destruído após ser atingido por um ataque com mísseis. (Com agências internacionais)
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