Coronel aposentado dribla censura na TV e diz que Rússia está isolada
O analista militar Mikhail Khodaryonok driblou a censura da TV estatal russa e criticou a situação da guerra na Ucrânia. Ele diz que a Rússia está quase totalmente isolada, enquanto a Ucrânia pode mobilizar um milhão de soldados, além de ter o apoio de países do Ocidente.
Khodaryonok é um coronel aposentado e participou do programa 60 Minutos no Rossiva-1, apresentado por Olga Skabeyeva, uma das principais jornalistas pró-Kremlin da televisão.
"Você não deve receber as informações como tranquilizantes", afirmou Mikhail Khodaryonok. "A situação, francamente falando, vai piorar para nós."
Durante a fala, o militar aposentado foi interrompido diversas vezes pela apresentadora.
Na TV estatal, o coronel diz que a Rússia precisa encarar a realidade.
"O principal em nossa área é ter um senso de realismo político-militar: se você for além disso, a realidade da história o atingirá com tanta força que você não saberá o que o atingiu", afirmou. "Não aponte foguetes na direção da Finlândia, pelo amor de Deus. Isso só parece muito engraçado."
A principal deficiência de nossa posição político-militar é que estamos em plena solidão geopolítica. E, embora não queiramos admitir, praticamente o mundo inteiro está contra nós. Precisamos sair dessa situação.
Analista militar Mikhail Khodaryonok
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro sob o pretexto de desmilitarizar e desnazificar a região.
Em março, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a operação "acabaria em um instante" se Kiev se rendesse militarmente, mudasse sua Constituição para garantir a não adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ou à União Europeia, reconhecesse a Crimeia anexada em 2014 como russa e as ditas repúblicas separatistas do Donbass, no leste, como independentes.
Nesta semana, Suécia e Finlândia pediram ingresso na Otan —o movimento é decorrente da guerra, que completa hoje 83 dias. Os dois países são integrantes da União Europeia, mas historicamente se mantiveram neutros entre o Ocidente e a Rússia.
No entanto, a invasão à Ucrânia os fez repensar seu status de neutralidade, principalmente a Finlândia, que compartilha 1,3 mil quilômetros de fronteira com o território russo. A Suécia vinha se mostrando mais reticente, porém, a adesão finlandesa a tornaria o único país do Mar Báltico fora da Otan.
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