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Guerra na Ucrânia: irmã diz que soldado brasileiro foi alvejado por russos

André Hack Bahi visita praça na Ucrânia no início de sua permanência no país - ARQUIVO PESSOAL
André Hack Bahi visita praça na Ucrânia no início de sua permanência no país Imagem: ARQUIVO PESSOAL

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

07/06/2022 15h28

Tatiane Hack Bahi, irmã de André Hack Bahi, de 43 anos, disse hoje que o soldado brasileiro que se aliou às tropas ucranianas foi alvejado no fim de semana por militares russos durante um dos combates em Sieverodonetsk, cidade situada no leste do país. A informação foi repassada à família por colegas que estavam no local. O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) ainda não confirma a morte do militar.

Não temos nenhuma indicação nova que esteja vindo da embaixada, Itamaraty ou de algum setor responsável pelo meu irmão. Só temos relatos de companheiros de missão, que dizem que onde eles estavam, a situação estava muito perigosa. Eles dizem que o André foi alvejado por tiros, que teria fixado ali mesmo no local, sem poder ser socorrido, devido à gravidade de conflito. Tatiane Hack Bahi, em contato com UOL

"Ele foi pego num momento de descuido e foi alvejado por tiros e tudo [mais] que esses malditos russos podiam", acrescentou, em tom de desabafo.

Ao UOL, Tatiane também informou que ninguém do governo brasileiro entrou em contato com a família. Questionada se algum familiar irá viajar à Ucrânia, ela respondeu. "Se eu pudesse, iria. Mas como?"

A informação sobre a suposta morte em combate foi repassada inicialmente pelo brasileiro André Kirvaitis, que também combate na guerra. Segundo ele, um colega da mesma unidade foi hospitalizado após se ferir no confronto e disse ter visto André morrer.

"Um amigo que estava com ele no combate viu ele sendo morto no tiroteio", relatou ele ao UOL.

Em nota enviada para a reportagem, o Itamaraty confirmou que busca informações sobre o caso. Contudo, disse ainda não ter a confirmação da morte do combatente brasileiro.

"A Embaixada do Brasil em Kiev segue buscando mais informações sobre o caso e permanecerá à disposição para prestar a assistência cabível [à família], em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local", informou um dos trechos do texto enviado pelo Itamaraty, ontem e hoje.

O órgão ainda se posicionou contrário ao deslocamento de voluntários brasileiros. O Ministério da Defesa da Rússia rastreou 635 combatentes estrangeiros aliados aos ucranianos —13 deles são brasileiros, segundo apurou o UOL.

"Assim como tem feito desde o começo do conflito, o Itamaraty continua a desaconselhar enfaticamente deslocamentos de brasileiros à Ucrânia, enquanto não houver condições de segurança suficientes no país", escreveu o Itamaraty.

Brasileiros que se alistaram como voluntários junto às tropas ucranianas registram a guerra em fotos nas redes sociais - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Hack (com a bandeira do Brasil) em grupo de voluntários na guerra contra a Rússia
Imagem: Reprodução da internet

'Perdi amigos lá', disse Hack após ataque russo

Há mais de três meses na zona de confronto, Hack fazia parte do primeiro grupo de voluntários brasileiros que se alistou junto às tropas do país invadido. "A gente veio pra ajudar", disseram os integrantes do grupo.

Em entrevista ao UOL, André Hack relatou ter deixado a área militar atacada pelos russos na região de Lviv horas antes de um bombardeio que deixou ao menos 35 mortos na madrugada de 13 de março, segundo o governo ucraniano. "Perdi amigos lá", disse à época.

Natural de Porto Alegre (RS), Hack se formou em Enfermagem em uma universidade do Ceará. Com passagens pelo Exército brasileiro e pela legião estrangeira francesa, ele morava em Portugal antes de se alistar. Segundo a família, Hack tem sete filhos. A caçula tem apenas 3 anos.