Veja momento em que China lança mísseis em exercício militar contra Taiwan
A China iniciou hoje exercícios militares nas águas próximas de Taiwan após a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Estados Unidos, que criou um mal-estar geopolítico. Pelo menos 11 mísseis já foram disparados, segundo a mídia internacional.
É o maior exercício militar ao redor de Taiwan em décadas e está sendo interpretado como uma demonstração de força. A China diz que os exercícios são "necessários e justos" ao mesmo tempo que culpou os EUA e seus aliados pela escalada.
O Estreito de Taiwan, com 130 km de largura em seu ponto mais estreito, é uma importante rota marítima internacional. As manobras com munição real devem acontecer até domingo ao meio-dia (horário local), informou a mídia estatal de Pequim.
"Seis grandes áreas ao redor da ilha foram selecionadas para o exercício de combate e, durante este período, navios e aeronaves não poderão entrar nos espaços aéreo e marítimo envolvidos", acrescentou a estatal CCTV.
O Ministério da Defesa de Taiwan diz que a China disparou "múltiplos" mísseis balísticos nos arredores da ilha. A pasta condenou o que chamou de "ações irracionais que minam a paz regional".
Autoridades taiwanesas não mencionaram o local exato onde os mísseis caíram ou se sobrevoaram a ilha, mas anunciaram que 27 caças chineses entraram na zona de defesa aérea de Taiwan desde a partida de Pelosi.
EUA criticam China
Os Estados Unidos classificaram como irresponsáveis as manobras militares e alertaram sobre o perigo da situação sair do controle.
Sempre que um militar participa de uma série de atividades que incluem a possibilidade de testes de mísseis, exercícios de tiro real, ou aviões de combate que cruzam o céu e navios que se movem nos mares, a possibilidade de (que aconteça) algum tipo de incidente é real.
Conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan
Sullivan também pediu que a China diminua as tensões com Taiwan. "O que esperamos é que a República Popular da China aja com responsabilidade e evite o tipo de escalada que pode levar a um erro de cálculo no ar ou nos mares".
O ministro de Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, também condenou as manobras militares "agressivas" da China, dizendo que não há justificativa para usar a visita de Pelosi a Taiwan "como pretexto".
"É normal que parlamentares de nossos países viajem internacionalmente", escreveu ele no Twitter.
China furiosa com viagem de Pelosi
A passagem rápida de Nancy Pelosi a Taiwan gerou fortes reações da China, que considera a ilha parte de seu território. Pelosi, segunda na linha de sucessão presidencial, é a principal autoridade americana a visitar Taiwan em 25 anos.
Durante a visita, Nancy Pelosi afirmou que sua presença teve o objetivo de "deixar claro, de forma inequívoca" que os Estados Unidos "não abandonarão" Taiwan.
Em novo pronunciamento condenando a visita de Pelosi, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, prometeu "punições" aos que "ofenderem a China", e chamou a iniciativa de farsa.
É uma farsa pura e simples. Sob o pretexto de democracia, os Estados Unidos violam a soberania da China.
Ministro Wang Yi hoje durante reunião de ministros da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático)
A reação chinesa também atingiu relações comerciais. Ontem, a China anunciou a suspensão da importação de frutas cítricas e certos peixes de Taiwan, assim como a exportação de areia para a ilha.
Pequim alega ter detectado "repetidamente" um tipo de parasita prejudicial em frutas cítricas e ter registrado níveis excessivos de pesticidas. Embalagens contendo dois tipos de peixe também deram positivo para coronavírus.
Para a suspensão da exportação de areia para Taiwan, no entanto, não houve qualquer explicação.
China e Taiwan estão separadas de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram os nacionalistas, que se refugiaram na ilha. Washington reconheceu em 1979 o governo de Pequim como representante da China, mas prosseguiu com o apoio militar a Taiwan.
A "reunificação" da China é uma meta prioritária para o presidente chinês, Xi Jinping, mas o governo autônomo da ilha, apesar de não ser reconhecido pela maioria dos países como independente, resiste à possibilidade.
Turistas acompanham exercícios militares
Em Pingtan, uma ilha chinesa próxima da área de manobras, correspondentes da AFP observaram vários projéteis, seguidos de uma coluna de fumaça branca.
Os turistas que estavam na praia desta ilha também observaram os disparos.
Pouco antes, helicópteros militares sobrevoaram a zona em direção ao Estreito de Taiwan.
Taiwan diz que se prepara para guerra 'sem buscar guerra'
As Forças Armadas de Taiwan afirmaram hoje estar monitorando os exercícios militares da China e que se preparam para um conflito, mas que não buscam o combate.
"O Ministério da Defesa Nacional afirma que manterá o princípio de preparação para a guerra sem buscar a guerra, com a atitude de não agravar o conflito nem provocar disputas", informou em nota a administração taiwanesa.
Os 23 milhões de habitantes de Taiwan vivem com receio da possibilidade de uma invasão. A ameaça aumentou durante o governo do presidente chinês Xi Jinping.
Agora, há um ponto de conflito entre Estados Unidos, Taiwan e as autoridades chinesas, que desejam projetar uma imagem de força antes do próximo congresso do Partido Comunista da China, que deve conceder a Xi um terceiro mandato como chefe de Estado.
Em reunião de ministros hoje, a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) alertou para os riscos causados pelas tensões em torno do Estreito de Taiwan, que podem levar a "erros de julgamento, confrontos graves, conflitos e ter consequências imprevisíveis para as grandes potências".
Os ministros das Relações Exteriores dos países membros da Asean emitiram um comunicado após uma reunião em Phnom Penh, onde o Camboja, país anfitrião, pediu uma redução das tensões em torno de Taiwan.
Uma fonte militar chinesa disse à AFP que os exercícios acontecem em preparação para um combate real. "Se as forças taiwanesas entrarem em contato com o EPL (Exército Popular de Libertação) e acidentalmente dispararem uma arma, o EPL adotará medidas severas e todas as consequências acontecerão do lado taiwanês".
O EPL é o nome oficial das Forças Armadas da China. Vários analistas, no entanto, afirmaram à AFP que a China não pretende agravar a situação além de seu controle, ao menos no momento.
*Com informações de AFP e RFI
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