Repressão a protestos no Irã matou 19 crianças, diz ONG de direitos humanos
Pelo menos 185 pessoas, incluindo 19 crianças, morreram em meio à repressão brutal do governo iraniano aos protestos em todo o país, segundo dados divulgados no sábado (8) pela organização Direitos Humanos no Irã.
As províncias de Sistão e Baluchistão registram metade das mortes. O governo de Irã tem sido pressionado por protestos desde 16 de setembro, quando Mahsa Amini, uma jovem iraniana de 22 anos, foi morta em Teerã por supostamente violar o rigoroso código de vestimenta da República Islâmica.
Nos protestos, manifestantes pedem a queda do líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei. É o maior movimento no país desde as manifestações contra o aumento dos preços da gasolina em 2019.
Na sexta-feira (7), a ONG de direitos humanos confirmou a morte de Sarina Esmailzadeh, de 16 anos, morta por golpes de bastão das forças de segurança do Irã durante os protestos de 22 de setembro.
Segundo a ONG, as autoridades falsificaram ligações de supostos membros da família de Sarina dizendo que sua morte foi um suicídio.
"Depois de analisar as evidências e falar com testemunhas oculares e fontes próximas, a ONG Direitos Humanos do Irã confirma o assassinato estatal de Sarina e condena veementemente a pressão sobre sua família pelas agências de segurança para forçá-los a repetir a falsa narrativa de suicídio."
A organização exigiu o processo legal internacional e sanção dos diretores da IRIB (República Islâmica do Irã Broadcasting). "O IRIB contribui para encobrir esses crimes ao divulgar e publicar confissões forçadas e contas falsas. São cúmplices dos crimes e devem ser responsabilizados", afirmou o diretor da Direitos Humanos do Irã, Mahmood Amiry-Moghaddam.
Sarina Esmailzadeh e vários amigos decidiram ir aos protestos populares depois de uma aula de inglês.
"As forças de segurança bateram repetidamente na cabeça de Sarina com um bastão até que ela sangrasse severamente na cabeça", diz a ONG.
TV estatal é hackeada no Irã
Um grupo de apoio aos protestos no Irã desencadeados pela morte de Mahsa Amini conseguiu hackear um canal de televisão estatal e exibir uma imagem do guia supremo Ali Khamenei cercado por chamas em pleno noticiário.
"O sangue de nossos jovens pinga de seus dedos", dizia a mensagem que apareceu na tela durante a transmissão de sábado à noite do jornal da televisão estatal. Foi acompanha por uma foto manipulada de Ali Khamenei cercado por chamas e sua cabeça em um visor.
"É hora de arrumar seus móveis (...) e encontrar outro lugar para instalar sua família fora do Irã", dizia outra mensagem acompanhando a foto.
O ataque cibernético, que durou alguns segundos, foi reivindicado por um grupo autodenominado Edalat-e Ali (Justiça de Ali).
Autoridades dizem que Mahsa Amini morreu por doença
Na sexta-feira (7), as autoridades iranianas alegaram que Mahsa Amini morreu de doença e não por "espancamento".
Mas o pai da jovem, Amjad Amini, que afirmou que sua filha estava bem de saúde antes de sua prisão, rejeitou o relatório médico em entrevista ao Iran International, um canal de televisão em língua persa com sede em Londres.
"Vi com meus próprios olhos que o sangue escorria das orelhas e do pescoço de Mahsa", disse ele.
Ativistas e ONGs denunciam que ela foi ferida na cabeça enquanto era detida.
O Irã acusa países estrangeiros de alimentar os protestos, incluindo os Estados Unidos.
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