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O que se sabe sobre o míssil que atingiu a Polônia

15.nov.22 - Danos após uma explosão em Przewodow, um vilarejo no leste da Polônia perto da fronteira com a Ucrânia - UGC/REUTERS
15.nov.22 - Danos após uma explosão em Przewodow, um vilarejo no leste da Polônia perto da fronteira com a Ucrânia Imagem: UGC/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

16/11/2022 12h26

Pelo menos duas pessoas morreram ontem após um míssil de fabricação russa atingir a cidade de Prezewodóv, no leste da Polônia, a apenas seis quilômetros da fronteira com a Ucrânia, invadida pela Rússia há mais de oito meses.

A Ucrânia diz ter sido atacada por mais de cem disparos russos após o presidente Volodymyr Zelensky discursar no G20 e pedir maior pressão sobre Moscou pelo fim da guerra. No entanto, a hipótese de um ataque da Rússia contra a Polônia, que integra a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), provocou o temor internacional de uma possível escalada do conflito.

Hoje, a Otan e as autoridades polonesas disseram que ainda que estão investigando o míssil, mas que análises preliminares indicam que não foi um ataque proposital da Rússia e que o projétil, provavelmente partiu da Ucrânia, numa tentativa de autodefesa.

Veja abaixo o que se sabe sobre o caso.

Onde caiu o míssil? Em uma instalação de secagem de cereais, onde matou dois fazendeiros, segundo a CNN. A explosão aconteceu às 15h40 horário local (11h40 em Brasília).

Qual o modelo do artefato? Trata-se de um míssil S-300, modelo soviético antigo usado por muitos países. Os dois lados do conflito —Rússia e Ucrânia — usam esse tipo de munição.

O que disseram Polônia e EUA inicialmente? Horas após a explosão, o Ministério das Relações Exteriores polonês informou que o míssil que causou a explosão era de fabricação russa e o embaixador da Rússia no país foi convocado para dar explicações.

O presidente da Polônia, Andrzej Duda, pediu calma e reforçou que o caso não havia sido esclarecido, mas disse que já se discutia a possibilidade de recorrer ao Artigo 4 do tratado da Otan, que permite a um integrante consultar a organização sobre questões preocupantes quando sente que há ameaça a sua integridade territorial, independência política ou segurança.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que, dada a trajetória do míssil, era "improvável" que ele tivesse sido disparado da Rússia.

A Rússia assumiu ataque ao território polonês? Não. O país acusou a Ucrânia pela queda do míssil. "Os destroços encontrados na Polônia foram identificados de forma categórica por especialistas russos (...) como elementos de um míssil guiado antiaéreo de sistemas de defesa antiaérea S-300 das Forças Armadas ucranianas", afirmou o ministério da Defesa russo em um comunicado.

O que a Otan fez após a queda do míssil? Uma reunião foi realizada em caráter de urgência entre os embaixadores da aliança militar.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou hoje que um míssil de defesa aérea ucraniano provavelmente causou uma explosão em território polonês, mas enfatizou que Kiev não tem culpa por tentar se defender.

Na mesma linha, o presidente polonês disse que as primeiras indicações sugeriam que os esforços ucranianos para conter os cem mísseis disparados pela Rússia causaram um "acidente infeliz" na Polônia — não um ataque direto ao seu país.

"Não há indícios de que tenha sido um míssil disparado pela Rússia, mas há muitos indícios de que foi um míssil antiaéreo que infelizmente caiu em território polonês. Há muitos indícios de que o foguete não explodiu, mas simplesmente caiu no chão — talvez tenha havido uma explosão de combustível, mas não uma clássica explosão", disse.

O que é a Otan? Liderada pelos Estados Unidos, a Otan é uma aliança militar criada em 1949 por 12 países, incluindo Canadá, Reino Unido e França. Com a organização, seus membros assumiram o compromisso de ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado que fizesse parte da aliança.

A aliança militar tem um artigo de defesa coletiva, que diz que um ataque contra um país da Otan atinge todos os membros da organização, e permitiria que potências militares se envolvessem na guerra.