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Bolsonaro cutuca esquerda católica ao lamentar morte de Bento 16

Presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos para não comparecer à cerimônia de entrega de cargo a Lula - Alan Santos/PR
Presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos para não comparecer à cerimônia de entrega de cargo a Lula Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

31/12/2022 10h28

Dos Estados Unidos, onde passa seu último dia de mandato, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte do papa emérito Bento 16 em uma série de posts no Twitter. Em um deles, cutucou a corrente católica da teologia da libertação, ligada à esquerda na América Latina.

Em defesa da verdade do Evangelho, [Bento 16] criticou sem medo os erros da chamada "teologia da libertação", que pretende confundir o Cristianismo com conceitos equivocados do marxismo.
Jair Bolsonaro, em seu último dia de mandato presidencial

Lula disse que recebeu com tristeza a morte de Bento 16 e lembrou o encontro que teve com o então papa, em 2007, durante visita ao Brasil. O presidente eleito falou que teve a oportunidade de conversar com o pontífice "sobre seu compromisso com a fé e ensinamentos cristãos".

Bolsonaro repetiu versículo bíblico sobre 'verdade que liberta'

Após cutucar a teologia da libertação, Bolsonaro contrapôs dizendo que Bento 16 seguiu o ensinamento que o próprio presidente repete desde antes de ser eleito: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

Bolsonaro chegou ontem (30) à noite em Orlando, Estados Unidos. O presidente não participará da cerimônia de entrega de cargo e posse do novo mandatário, no domingo (1). É algo inédito desde a redemocratização.

O que Bento 16 disse sobre a teologia da libertação

A teologia da libertação é uma corrente católica surgida na América Latina na década de 1960, que propõe o engajamento social, ao lado da população oprimida, a partir de leituras da própria Bíblia, como os ensinamentos de Jesus e o episódio do Êxodo.

Um dos principais nomes dessa corrente é o teólogo brasileiro Leonardo Boff.

No papado de João Paulo 2º, o Vaticano fez advertências à teologia da libertação, por considerá-la próxima do marxismo.

Foi justamente o cardeal Joseph Ratzinger, futuro Bento 16, o incumbido da tarefa. Em 1984, escreveu o artigo "Algumas observações preliminares sobre a teologia da libertação".

"[A teologia da libertação] propõe-se assim uma interpretação exclusivamente política da morte de Cristo. Nega-se desta maneira seu valor salvífico e toda a economia da redenção (...) Em lugar de ver no Êxodo com São Paulo, uma figura do batismo, se tenderá ao extremo de fazer deste um símbolo da libertação política do povo.
Joseph Ratzinger, futuro Bento 16, em 1984

Acompanhe a trajetória do papa Bento 16

Papa Francisco: 'teologia da libertação teve aspectos positivos'

Em entrevista ao jornal espanhol El País, em 2017, o Papa Francisco foi questionado sobre a teologia da libertação.

A teologia da liberação foi uma coisa positiva na América Latina. Foi condenada pelo Vaticano a parte que optou pela análise marxista da realidade. O cardeal Ratzinger fez duas instruções quando era prefeito da Doutrina da Fé. Uma, muito clara, sobre a análise marxista da realidade. E a segunda retomando aspectos positivos. A Teologia da Libertação teve aspectos positivos e também teve desvios, sobretudo na parte da análise marxista da realidade"
Papa Francisco, em entrevista ao El País, em 2017