Análise: Eleição de Erdogan intensifica declínio da democracia
A reeleição de Recep Tayyip Erdogan para mais cinco anos de mandato na Turquia é vista como um declínio da democracia e benefício para o presidente da Rússia, Vladimir Putin. É como avalia Danielle Ayres, coordenadora do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da UFSC e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, em entrevista ao UOL.
Aumento do autoritarismo
O líder islâmico conservador, de 69 anos, está no poder há 20 anos. Para a professora, o resultado do pleito na Turquia vai dar continuidade ao "declínio da democracia" no país.
Sua gestão promoveu transformações profundas na Turquia, incluindo uma guinada autoritária e conservadora-religiosa, além do afastamento do Ocidente e uma aproximação da Rússia.
Com aumento do autoritarismo, ou seja, de uma autocracia, com diminuição das liberdades e com aumento da repressão. É o típico modelo de governo que Erdogan efetivamente impôs na Turquia desde a sua primeira eleição. O que fez com que, obviamente, as liberdades e a maneira de se viver, o estilo mais ocidental de se viver na sociedade turca, entrassem em declínio.
Danielle Ayes, professora da UFSC
Desafios internos com economia
Um dos grandes desafios vai ser lidar economicamente com a hiperinflação e com o alto custo de vida, o que obviamente gera pressão popular para o seu governo.
Danielle Ayes
Erdogan vem lidando com a maior crise econômica da Turquia em décadas. Políticas econômicas pouco ortodoxas, incluindo a redução das taxas de juros para combater a inflação crescente, que atingiu oficialmente 85% em 2022, reverteram alguns ganhos de sua primeira década de governo, mais próspera.
Benefício geopolítico
Para a professora, é possível que a eleição de Erdogan seja, também, benéfica do ponto de vista geopolítico. Isso porque, ela explica, o líder turco "parece ser o indivíduo com mais capacidades políticas" para, em um futuro não tão distante, mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Isso, talvez, por dois vieses. O primeiro deles porque Erdogan tem efetivamente boas relações com Putin e com o Ocidente. E essas boas relações, esses bons contatos que ele tem com esses dois polos, pode dar a ele alguma capacidade de interlocução. [...] Geograficamente, a Turquia tem uma importância muito grande neste conflito, porque é capaz de controlar passagem marítima e de alguma forma ter várias possibilidades de ação.
Danielle Ayes
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