Conteúdo publicado há 8 meses

Raso e intenso: entenda o poder de destruição do terremoto do Marrocos

O terremoto que atingiu o Marrocos na noite de ontem (8) —e que já deixou mais de mil mortos, segundo os últimos dados oficiais— reuniu fatores que potencializaram seu impacto: ele foi raso e muito intenso.

O que aconteceu

O sismo não ocorreu tão distante da superfície —teve profundidade de 18,5 km: "Sismos rasos com magnitudes altas geralmente acabam em morte, infelizmente", explicou o sismólogo da USP, Bruno Collaço, em vídeo enviado ao UOL.

O terremoto também teve 6,8 de magnitude na escala Richter e epicentro a 71 km a sudoeste de Marrakech, Patrimônio Mundial da Unesco, de acordo com o USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos).

Sismo foi "muito incomum" e o primeiro do tipo em mais de 100 anos. Além de raso, Collaço observou que o sismo também foi raro: ele aconteceu a 550 km da borda de contato entre as placas da África e da Eurásia.

É muito incomum, não ocorriam eventos de magnitude 6 ou mais em um raio de 500 km desse local desde 1900. Os sismos são representados por um ponto no mapa, mas eles ocorrem ao longo de uma falha geológica, com deslocamentos de grandes blocos de rocha.
Bruno Collaço, sismólogo da USP

Terremotos como esse não são previsíveis —bem como as suas réplicas, explicou o sismólogo. Um tremor de magnitude 5 foi registrado cerca de 20 minutos depois do sismo original, mas não há como prever se mais tremores ocorrerão enquanto as cidades do Marrocos correm para contar os mortos e desaparecidos.

'Nunca vivi algo tão violento': o relato de moradores

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Imagem: Arte/UOL

Testemunhas falam de cadáveres empilhados nas ruas, entre as casas destruídas. A população está protegendo os corpos das vítimas com cobertores, esperando para que possam ser sepultados.

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Edifícios caíram em razão dos tremores e a população precisou sair de casa. As províncias e municípios de Al Hauz, Marrakech, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant registraram centenas de vítimas, afirmou o governo em comunicado.

Alguns vilarejos ficaram completamente destruídos. Diante da falta de estradas acessíveis, os moradores tiveram que esperar durante toda a noite até que as primeiras equipes de socorro pudessem chegar às zonas mais atingidas. Helicópteros da polícia foram mobilizados para ajudar nas operações de socorro nos vilarejos mais isolados.

O choque foi sentido até na Argélia, país vizinho, mas não houve registro de vítimas e danos.

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