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'Largaram bala na gente', diz brasileiro que estava em rave em Israel

O jogador brasileiro de futevôlei Nathan Obadia usou hoje as redes sociais para contar os momentos de pânico vividos durante o ataque de integrantes do Hamas a festa de música eletrônica que acontecia no sul de Israel.

O que aconteceu

Obadia contou que no sábado (7) foi com mais quatro amigos ao evento Universo Paralello, próximo à Faixa de Gaza. A festa é a mesma em que o DJ Juarez Petrillo, pai do DJ Alok, iria se apresentar e onde houve ao menos três brasileiros desaparecidos.

No início da manhã, segundo o jogador, foram tocadas sirenes avisando sobre o ataque. Em um primeiro momento, ele disse que não ficou assustado porque esses avisos costumam acontecer sem que haja maiores consequências.

Depois, porém, quando anunciaram que o evento estava cancelado, ele estranhou e sugeriu aos amigos que eles fossem embora. "Falei para a galera que estava comigo: 'Vamos embora, vamos meter o pé porque vai sair todo mundo junto, vai dar merda'".

O grupo então saiu de carro na direção de Tel Aviv, mas acabou tendo que retornar no meio do caminho ao local da festa. "Vimos um carro vindo no sentido contrário com um tiro na roda, outro no vidro e uma mulher gritando 'terrorista, terrorista' e decidimos voltar".

Quando o amigo de Obadia foi pegar um atalho para desviar do trânsito, ocorreram mais momentos de terror. O veículo onde estavam ficou no meio de uma área descampada e começou a ser alvejado por integrantes do Hamas.

Nessa hora, largaram bala na gente. Muito tiro. Só que, num primeiro momento, não pegou nenhum na gente. Aí falei: 'Acelera e vamos sair'. Então bateu um tiro no carro. No segundo, estilhaços me atingiram. Então, o amigo que estava dirigindo parou o carro, que serviu como nosso escudo. Deitamos no chão atrás do carro e foram tiros infinitos, 15 a 20 minutos de inferno.
Nathan Obadia, jogador de futevôlei

Militares trocaram tiros

Obadia disse que ele e seus amigos só conseguiram escapar porque, após cerca de 20 minutos, militares israelenses chegaram e começaram a trocar tiros com os integrantes do Hamas.

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"Chegaram três soldados que faziam uma ronda e começaram a trocar tiros. Tomaram tiro no ombro, na mão, em tudo que é lugar. Um deles me disse: 'Corre agora ou vocês vão morrer'. Corri para um barranco e, do outro lado, tinham mais soldados."

De lá, o jogador de futevôlei e os amigos ainda correram para um bunker, onde permaneceram em segurança até serem resgatados. Obadia disse que um dos soldados que o ajudaram chegou muito ferido.

"Fizemos de tudo para ajudar ele até a chegada de um carro do exército que o levou. Espero muito que ele tenha conseguido sobreviver."

Neste domingo, a organização do evento Universo Paralello divulgou um comunicado em que diz estar "profundamente chocada" com os acontecimentos em Israel. "O ataque não foi somente na região do evento, mas orquestrado simultaneamente em todo o país com mais de 2.000 mísseis."

"Mais uma vez, estamos consternados, chocados e assustados com tudo que aconteceu e deixamos explicitamente a nossa revolta e nossos sentimentos às vítimas desse ataque perverso."

Nathan Obadia afirmou que o evento acontecia a cerca de 500 m de uma área da Faixa de Gaza que foi atacada. Ainda segundo ele, no momento da compra dos ingressos, o local exato da festa não foi divulgado, o que ocorreu apenas no próprio dia do evento.

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