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Dia 12 da guerra: Israel fala em zona humanitária enquanto ataca área civil

Pessoas se reúnem em torno de corpos de palestinos mortos em um ataque ao Hospital Al-Ahli Arab Imagem: Dawood Nemer/AFP

Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

18/10/2023 04h36Atualizada em 18/10/2023 10h03

Já são 12 dias da guerra entre Israel e Hamas, após o ataque do grupo extremista no sábado (7). Os números de mortes confirmadas beira a marca do 5.000. Na madrugada desta quarta-feira (18), o governo de Benjamin Netanyahu anunciou a criação de uma zona humanitária no sul da Faixa de Gaza. No mesmo momento, bombardeios causavam destruição e mortes em áreas de civis em campos de refugiados.

O que aconteceu

O governo de Benjamin Netanyahu pediu para os palestinos irem para Al-Mawasi, perto de Khan Younis, onde será criada uma zona onde "a ajuda humanitária internacional será fornecida conforme necessário". As informações foram divulgadas em um comunicado, nesta quarta-feira (18).

Também foi renovado o apelo aos palestinos na parte norte da Faixa de Gaza para que migrem para o sul, uma vez que os militares alertaram que em breve irão atacar fortemente a área.

Na semana passada o Exército israelense ordenou que a população saia do norte de Gaza dentro de 24 horas. Mais de 1 milhão de pessoas vivem na região, e a ONU disse temer "consequências humanitárias devastadoras". O Hamas contesta a ordem de Israel e disse que não vai abandonar "nossas terras, casas e cidades"

Na sexta-feira, pelo menos 70 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses enquanto fugiam do norte para o sul.

Mapa de Israel indica Al-Mawasi, local onde ficará a zona Humanitária no sul da Faixa de Gaza Imagem: IDF (Forças de Defesa de Israel)

Novos bombardeios de Israel em área de civis em Gaza

Novos ataques israelenses foram registrados na madrugada de hoje (18) com operações aéreas contra dois bairros de um campo de refugiados no norte de Gaza. No centro de Gaza, uma padaria foi atingida.

Pelo menos 40 pessoas foram mortas em ataques contra os bairros de Al-Qasab e Halima Al-Saadia em Jabalia, área de um campo de refugiados na região norte de Gaza. A informação é do Ministério do Interior de Gaza.

No sul de Gaza, pelo menos duas pessoas também foram mortas e outras sete ficaram feridas após bombardeio de Israel. Segundo o canal de notícias Al Jazeera, foguetes atingiram um apartamento residencial na cidade de Hamad, em Khan Younis.

Um vídeo postado no X (antigo Twitter) pela Al Jazeera mostra uma ambulância e pessoas correndo em direção a uma padaria. Até o momento não há confirmação de vítimas.

Ataque a hospital mata 471 pessoas

O anúncio da zona humanitária no sul de Gaza veio um dia após o ataque ao hospital na Faixa de Gaza que deixou 471 mortos. O grupo extremista acusou Israel e chamou o ato de "genocídio".

O bombardeio atingiu o Hospital Batista Al-Ahly Arab, localizado no centro da cidade de Gaza. A maioria das vítimas é composta por mulheres e crianças, afirmou o Ministério da Saúde.

As FDI (Forças de Defesa de Israel) publicaram um vídeo que mostra um foguete sendo disparado em direção ao país durante o ataque que atingiu o hospital Al-Ahly Arab, na Faixa de Gaza, nesta terça-feira (17).

O registro mostra um ponto de luz, que seria um foguete da Jihad Islâmica (apontada por Israel como a autora do ataque), que perde a altitude repentinamente. Logo depois, é possível ver a explosão que atingiu o hospital. A Jihad negou a autoria do ataque.

"Um foguete direcionado a Israel falhou e explodiu às 18h59 —no mesmo momento em que um hospital foi atingido em Gaza", escreveu as FDI.

Após questionamentos sobre uma possível manipulação de imagens —o ataque ao hospital teria ocorrido às 19h59 (horário local) e não 18h59, como mostrado e apontado nos registros divulgados por Israel— as FDI publicaram outro vídeo, que seria ao vivo e transmitido pela rede de televisão Al Jazeera.

As imagens mostram o suposto foguete perdendo altitude, seguido da explosão no hospital. "Verifique suas próprias imagens antes de acusar Israel. 18:59 - Um foguete direcionado a Israel falhou e explodiu. 18h59 - Um hospital foi atingido em Gaza".

Em visita a Israel hoje, o presidente Joe Biden afirmou que o ataque a um hospital em Gaza "parece que foi feito pela outra equipe". Ele se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Os EUA apoiam Israel desde o início do conflito com o Hamas.

O presidente Lula (PT) afirmou que o ataque ao hospital é uma "tragédia injustificável" e lamentou as vidas perdidas. "Guerras não fazem nenhum sentido. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes. Os inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra".

ONU adia votação de proposta do Brasil

A ONU adiou, pela segunda vez, a votação da resolução do Conselho de Segurança sobre a guerra. Na segunda, o colegiado rejeitou a proposta da Rússia, que recomendava um "imediato cessar-fogo", mas não apreciou a proposta do Brasil, que preside o conselho.

O Brasil tenta a aprovação de um texto conciliatório. O país deve propor uma "pausa" na guerra para atendimento humanitário, e não um cessar-fogo, para evitar o veto de países como os EUA, que ressaltam o direito de Israel de se defender.

O número de palestinos mortos na guerra é 3.478. Em Israel, segundo o governo, são mais de 1.400 mortos e pelo menos 200 reféns.

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