Israel anuncia zona humanitária no sul de Gaza; local já foi atacado

Após dias de negociações com Egito, Brasil, EUA e outros países para criação de uma região segura para os fugitivos da guerra entre Israel e Hamas, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram hoje a criação de uma zona humanitária no sul de Gaza onde será fornecida ajuda internacional.

O que aconteceu

O governo de Benjamin Netanyahu pediu para os palestinos irem para Al-Mawasi, perto de Khan Younis, onde será criada uma zona onde "a ajuda humanitária internacional será fornecida conforme necessário". As informações foram divulgadas em um comunicado.

Também foi renovado o apelo aos palestinos na parte norte da Faixa de Gaza para que migrem para o sul, uma vez que os militares alertaram que em breve irão atacar fortemente a área.

Mapa de Israel indica Al-Mawasi, local onde ficará a zona Humanitária no sul da Faixa de Gaza
Mapa de Israel indica Al-Mawasi, local onde ficará a zona Humanitária no sul da Faixa de Gaza Imagem: IDF (Forças de Defesa de Israel)

A agência da ONU para os refugiados palestinos afirma que Khan Younis e outras áreas do sul foram atingidas por ataques aéreos israelenses nos dias anteriores, apesar do pedido para as pessoas se deslocarem para o sul.

Na semana passada o Exército israelense ordenou que a população saia do norte de Gaza dentro de 24 horas. Mais de 1 milhão de pessoas vivem na região, e a ONU disse temer "consequências humanitárias devastadoras". O Hamas contesta a ordem de Israel e disse que não vai abandonar "nossas terras, casas e cidades"

Na sexta-feira, pelo menos 70 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses enquanto fugiam do norte para o sul.

Hoje, a ONU afirmou que os civis palestinos na Faixa de Gaza estão sendo "amontoados em uma área cada vez menor". "Estima-se agora que cerca de 1 milhão de pessoas fugiram das suas casas para outras partes de Gaza", disse Joyce Msuya, responsável humanitária da ONU, em uma reunião convocada por enviados árabes ao enclave, que é controlado por militantes do Hamas.

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Msuya relembrou que os civis que vivem na Faixa de Gaza não tem para onde ir para fugir dos ataques. "Nenhum lugar para escapar das bombas e mísseis, e nenhum lugar para encontrar água ou comida, ou para escapar da catástrofe humanitária em curso"

Ataque a hospital mata ao menos 500 pessoas

O anúncio da zona humanitária no sul de Gaza veio um dia após o ataque ao hospital na Faixa de Gaza que deixou ao menos 500 mortos. O grupo extremista acusou Israel e chamou o ato de "genocídio".

O bombardeio atingiu o Hospital Batista Al-Ahly Arab, localizado no centro da cidade de Gaza. A maioria das vítimas é composta por mulheres e crianças, afirmou o Ministério da Saúde.

As Forças de Defesa de Israel publicaram um vídeo que mostra um foguete sendo disparado em direção ao país durante o ataque que atingiu o hospital Al-Ahly Arab, na Faixa de Gaza, nesta terça-feira (17).

O registro mostra um ponto de luz, que seria um foguete da Jihad Islâmica (apontada por Israel como a autora do ataque), que perde a altitude repentinamente. Logo depois, é possível ver a explosão que atingiu o hospital.

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"Um foguete direcionado a Israel falhou e explodiu às 18h59 - no mesmo momento em que um hospital foi atingido em Gaza", escreveu as IDF.

Após questionamentos sobre uma possível manipulação de imagens —o ataque ao hospital teria ocorrido às 19h59 (horário local) e não 18h59, como mostrado e apontado nos registros divulgados por Israel— as IDF publicaram outro vídeo, que seria exibido ao vivo e transmitido pela rede de televisão Al Jazeera.

As imagens mostram o suposto foguete perdendo altitude, seguido da explosão no hospital. "Verifique suas próprias imagens antes de acusar Israel. 18:59 - Um foguete direcionado a Israel falhou e explodiu. 18h59 - Um hospital foi atingido em Gaza".

Reação internacional

O ataque ao hospital causou indignação internacional. Em uma mensagem publicada na rede X (ex Twitter), o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse nesta quarta-feira (18) que ficou "horrorizado" com as imagens do ataque a Gaza, que atingiu principalmente civis, incluindo mulheres e crianças. Ele pediu uma investigação "aprofundada".

"Nada justifica um ataque a um hospital cheio de civis", também declarou Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. "Todos os fatos devem ser esclarecidos e os responsáveis prestar contas", afirmou Von der Leyen diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

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Para a OMS, a situação em Gaza "está fora de controle.

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira (17), também na rede X, "que nada justifica tomar civis como reféns." Ele pediu a abertura de um corredor humanitário em Gaza.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que o ataque contra infraestruturas civis "não está de acordo com o direito internacional", após os relatos de um bombardeio israelense contra um hospital da Faixa de Gaza.

O papa Francisco fez um apelo para evitar "uma catástrofe humanitária em Gaza". O sumo pontífice também expressou preocupação para que o conflito se estenda a outras regiões. "As vítimas estão aumentando e a situação em Gaza é desesperadora. Por favor, façam todo o possível para evitar uma catástrofe humanitária", disse o jesuíta argentino no final de sua audiência geral semanal no Vaticano.

Biden visita Israel

Diferente de alguns de seus pares internacionais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiou a versão de Israel sobre o bombardeio ao hospital. "Eu fiquei profundamente triste e indignado com a explosão de ontem no hospital de Gaza. E com base no que vi, parece que foi feito pelo outro lado, não por vocês", disse Biden ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Tel Aviv.

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O presidente americano desembarcou hoje em Israel em uma visita simbólica de apoio ao país. De acordo com o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, Biden vai verificar as estratégias de guerra de Israel para minimizar mortes de civis.

*Com Reuters, AFP e RFI.

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