'Vamos morrer com bombas ou de fome', diz palestina na Faixa de Gaza

A palestina Huda Al-Assar, 57, que mora na Faixa de Gaza com os quatro filhos e os netos, diz que tem convivido com bombardeios, falta de energia elétrica e escassez de água e comida.

Parece que a gente tem que provar para o mundo que somos seres humanos como os outros para termos ajuda. Vamos morrer com bombas, de sede ou de fome. Aqui, na Faixa de Gaza, os mortos estão virando números.
Huda Al-Assar

O que ela diz

Huda Al-Assar voltou para a Palestina em 2006, após viver por 15 anos no Brasil como refugiada. Na Faixa de Gaza, diz conviver com bombas e morte: "Às vezes, os bombardeios acontecem do lado da gente. A situação está ficando mais grave a cada dia".

Ela afirma que está sem luz elétrica há duas semanas em casa e que só consegue se comunicar com as pessoas graças à energia solar da casa de vizinhos. "Aí, a gente carrega os celulares para ter contato com alguém. É como se estivéssemos isolados do mundo", diz.

Segundo Huda Al-Assar, um dos maiores problemas é a falta de água filtrada e de alimentos. "Infelizmente, a gente está vivendo num mundo covarde, num mundo injusto, que vê só o que quer", diz.

Tem crianças que estão começando a morrer por causa da falta de água. Temos que ir a lugares distantes para conseguir uma ou duas garrafas de água. Às vezes, a água não é limpa.
Huda Al-Assar

A guerra em Israel chegou ao 27º dia nesta quinta-feira (2). Ontem, o governo israelense afirmou que 11 mil alvos foram atingidos desde o início do confronto contra o Hamas. O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, disse que a ofensiva atingiu locais pertencentes a "organizações terroristas".

Palestinos relatam "interrupção completa" dos serviços de internet. O porta-voz da Unicef, James Elder, afirmou que a Faixa de Gaza se transformou em um cemitério para milhares de crianças. Desde o início do conflito, mais de 8.500 pessoas foram mortas no território — destas, 3.542 eram crianças.

Os militares israelenses dizem que seus caças mataram um comandante do Hamas em um ataque a um campo de refugiados em Gaza. Essa mesma operação também matou pelo menos 50 palestinos, enquanto os combates se intensificaram no enclave.

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Após muita expectativa, a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, foi aberta para 500 estrangeiros graças a um acordo feito entre Israel, Egito e Hamas. A lista do primeiro grupo a deixar a Faixa de Gaza não inclui brasileiros e ainda não há confirmação de quando novas pessoas poderão deixar o local, que tem sido fortemente bombardeado desde o início da guerra.

Ontem, o governo do Brasil resgatou 33 brasileiros de 12 famílias que estavam na Cisjordânia. Essa ação faz parte da Operação Voltando em Paz, responsável pela repatriação durante a guerra entre Israel e Hamas. São 12 homens, 10 mulheres e 11 crianças. No grupo, seis idosos.

O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, afirmou que "há boas chances" de os brasileiros que estão na Faixa de Gaza serem liberados até amanhã (3). Em entrevista ao UOL News, o diplomata alertou que a crise humanitária na região deve se agravar nos próximos dias.

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