Brasileira relata situação no Equador: 'Trauma muito grande para nós'
Vulnerabilidade, ansiedade, dores de cabeça e exposição a imagens fortes. Reclusa em sua casa em Quito, a brasileira Eliana Maria contou o que vem presenciando no Equador em meio à crise de segurança no país.
A onda de violência incluiu a invasão ao vivo de um canal público de TV por criminosos armados. "Chegar a isso é um trauma muito grande para nós", disse Eliana no UOL News de hoje (10).
É uma instabilidade. Você não sabe o que vai acontecer. Você está em casa, aparentemente tranquilo, mas sabe que é uma segurança muito frágil. Se eles conseguem entrar em um canal de televisão ao vivo e fazer o que eles fizeram, você sabe que também está vulnerável.
Essa vulnerabilidade provoca ansiedade, dor de cabeça, essa loucura do que vai acontecer, ainda mais que começam a surgir vídeos e imagens tão fortes que eles pedem para nem compartilhar.
A invasão do canal de televisão foi um ponto que eles fizeram muito forte, porque a população se assustou muito com isso. Eles alcançaram e conseguiram chegar onde queriam: assustar a população e colocar o governo contra a parede.
Chegar a isso é um trauma muito grande para nós, é um susto muito grande. Você não sabe o que fazer. Eu não sei se continuo morando aqui, ou se compro uma passagem de volta para o Brasil. São 35 anos de vida construída aqui.
Onda de violência após fuga de traficante
O Equador vive uma onda de violência desde segunda (8). O presidente Daniel Noboa decretou estado de exceção após a fuga de José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, líder do temido grupo Los Choneros, que disputa as rotas do tráfico de drogas com criminosos ligados a cartéis do México e da Colômbia.
Forças Armadas estão autorizadas a realizar operações para "neutralizar" grupos. A medida também possibilita a Noboa mobilizar por 60 dias os militares nas ruas e nas penitenciárias, bem como suspender direitos civis.
Ontem, homens armados invadiram uma TV em Guayaquil durante programa ao vivo. As imagens mostram que funcionários da emissora foram feitos de reféns durante a transmissão. Posteriormente, eles foram resgatados pela polícia, que também publicou uma foto com os suspeitos presos.
Alunos da Universidade de Guayaquil relataram terem sido rendidos por criminosos. Imagens publicadas nas redes sociais mostraram a correria na entrada da universidade e barricadas feitas nas portas das salas de aula. O Ministério da Educação suspendeu as aulas presenciais em todo o sistema educacional até 12 de janeiro.
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