'Temos de estar prontos': exercício militar da Otan tem 90 mil soldados

Cerca de 50 navios de guerra, 80 aeronaves e 1,1 mil veículos de combate de todos os tipos participarão do exercício.

Manobras simularão ataque russo. O anúncio oficial não tem menção à Rússia, maior ameaça aos membros da Otan atualmente. Mas o comandante-geral da Otan na Europa, o general Christopher Cavoli, afirmou que as tropas simularão uma invasão russa a um dos países membros. Rob Bauer, presidente do Comitê Militar da Otan, também reforçou que a aliança se prepara para conflito com a Rússia.

Estamos nos preparando para um conflito com a Rússia e grupos terroristas. Se nos atacarem, precisamos estar prontos.
Rob Bauer, presidente do Comitê Militar da Otan

Exercício começa nesta semana e segue até maio. "Será uma demonstração clara de nossa unidade, de nossa força e de nossa determinação em protegermos uns aos outros", afirmou Cavoli.

A área de treinamento se estende da Noruega, passando por Letônia e Lituânia —os três fazem fronteira com a Rússia—, até países como a Polônia e a Romênia —esta última separada da Rússia pelo Mar Negro, palco de hostilidades recorrentes desde a invasão em larga escala da Ucrânia pelos russos em fevereiro de 2022.

Essa é a primeira vez desde o fim da Guerra Fria (1947-1991) que um contingente desta magnitude será mobilizado pela aliança. Até hoje, o maior exercício da Otan desde o fim da Guerra Fria foi realizado em 2018, envolvendo cerca de 51 mil soldados. O "Trident Juncture" teve foco na Noruega, que compartilha uma fronteira de 198 km de extensão no extremo norte do planeta com a Rússia.

Os últimos exercícios da Otan que foram maiores do que o exercício agora planejado aconteceram antes da dissolução da União Soviética em 1991. Na época, ainda existia a série de exercícios "Return of Forces to Germany" (Retorno das Forças para a Alemanha). Em 1988, por exemplo, cerca de 125 mil soldados participaram desse exercício.

*Com Deutsche Welle, Reuters e AFP