Persona non-grata e palavras vergonhosas: como Israel reagiu à fala de Lula
Autoridades israelenses e entidades judaicas repudiaram a fala do presidente Lula comparando as mortes causadas por Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto.
O que aconteceu
Presidente foi classificado persona non grata. O termo em latim significa pessoa indesejada e se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (no caso de Lula, um chefe de Estado) de entrar no país em viagem oficial. O chanceler Israel Katz enviou a mensagem, por intermédio do embaixador brasileiro no país, Frederico Meyer, de que Lula não é bem-vindo no país até que retire o que disse.
Primeiro-ministro israelense disse que Lula 'ultrapassou linha vermelha'. "As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender", escreveu ele no X (antigo Twitter).
Embaixador foi convocado para reprimenda no Museu do Holocausto. As advertências normalmente são feitas na sede do Ministério das Relações Exteriores, mas Israel mudou o protocolo para o local que reúne museus, centros de pesquisa e educação sobre o Holocausto, que matou 6 milhões de judeus.
Governo diz que Lula condenou atos terroristas do Hamas diversas vezes. O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, saiu em defesa do presidente nas redes sociais e disse que "a comunidade internacional não pode calar diante do massacre de um povo que não pode sofrer um extermínio pelos crimes cometidos por um grupo que deve ser punido pelo que fez".
Esta não é a primeira vez que as falas de Lula sobre a guerra são alvo de críticas da comunidade israelense. Em novembro, ao receber repatriados da Faixa de Gaza, o presidente disse que "Israel também está cometendo vários atos de terrorismo". Em dezembro, ele declarou que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é guerra, é praticamente um genocídio". Na ocasião a Conib (Confederação Israelita Brasil) reagiu: "É uma acusação falsa que, vinda do presidente da República, ganha dimensões ainda mais graves".
O que Lula falou
O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus.
O que o governo de Israel e as entidades disseram
As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse. A comparação entre a guerra de Israel contra o Hamas e as atrocidades de Hitler e dos nazistas é uma vergonha. Chanceler Israel Katz
O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A CONIB pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país. Confederação Israelita Brasil
Comparar a legítima defesa do Estado de Israel contra um grupo terrorista que não mede esforços para assassinar israelenses e judeus com a indústria da morte de Hitler é de uma maldade sem fim. Federação Israelita do Estado de São Paulo
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