Navalni morreu de 'causas naturais', diz laudo entregue à mãe dele
A mãe de Alexei Navalni, opositor do governo da Rússia que morreu na última sexta-feira (16), disse ter recebido um laudo que atribui a morte dele a "causas naturais".
O que aconteceu
"O relatório médico que mostraram à mãe de Alexei Navalni declara que a morte foi de causas naturais", escreveu a porta-voz do ativista, Kira Yarmysh, nas redes sociais.
A mãe de Navalni, Lyudmila Navalnaya, pôde ver ontem o corpo do filho, quase uma semana após o anúncio da morte dele.
Ela publicou um vídeo no YouTube em que acusa o governo de Vladimir Putin de chantagem. "Eles não querem me entregar o corpo, como diz a lei", diz. "Eles querem que o enterro seja feito em segredo, sem velório. Não concordo com isso, quero que os que se importavam com ele tenham a chance de se despedir".
"Estou gravando esse vídeo porque eles começaram a me ameaçar. Eles me olharam nos olhos e disseram que, se eu não concordar com um funeral secreto, vão fazer algo com o corpo do meu filho".
Segundo ela, um investigador disse que a escolha deve ser feita sem demora. "O tempo não está do seu lado, o cadáver está se decompondo", teria dito ele.
Navalnaya pediu que os agentes do governo russo entreguem o corpo do filho. "Não estou pedindo condições especiais, eu só quero que tudo seja feito de acordo com a lei", rogou.
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-- ???? ????? (@Kira_Yarmysh) February 22, 2024
Navalni morreu na prisão aos 47 anos
Advogado e ativista morreu na última sexta-feira (16), segundo um comunicado do serviço penitenciário russo. Ele era uma das principais figuras de oposição ao governo de Vladimir Putin há mais de uma década.
Ele teria passado mal após uma caminhada na colônia penal de Kharp, onde estava detido, a quase 2 mil quilômetros da capital Moscou. O local fica próximo do Círculo Polar Ártico, onde as temperaturas podem chegar a -30ºC.
O ativista foi envenenado com uma substância de uso militar, durante uma viagem a negócios, em 2020. Ele só sobreviveu porque sua família e autoridades internacionais insistiram em levá-lo de avião para um longo tratamento na Alemanha. O governo russo negou qualquer envolvimento.
Há uma série de mortes misteriosas ligadas ao governo da Rússia. Por exemplo, o fundador do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu no ano passado com outras nove pessoas, na queda de um jato particular. Dois meses antes, ele havia liderado um motim contra Moscou.
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