Rússia pode estar envolvida: o que é a misteriosa Síndrome de Havana
Os sintomas misteriosos da chamada Síndrome de Havana, relatados por diplomatas norte-americanos nos últimos anos, foram associados a uma unidade de inteligência russa, segundo uma investigação jornalística.
O que é a Síndrome de Havana
O distúrbio é cercado de mistérios. O fenômeno apelidado de "Síndrome de Havana" consiste em uma série de misteriosas dores de cabeça e náuseas documentadas por diplomatas em Havana, Cuba.
Os primeiros relatos da tal síndrome foram registrados na capital cubana em 2016, principalmente entre estadunidenses e canadenses. Diplomatas norte-americanos e suas famílias em Cuba se queixaram de hemorragias nasais, enxaquecas e náuseas depois de ouvirem sons penetrantes de madrugada. Isso fez com que os EUA retirassem a maior parte de sua equipe de lá e emitissem alertas de viagem aos seus cidadãos.
Ao todo, em torno de mil pessoas —de diversas nacionalidades— relataram sintomas semelhantes ao governo dos EUA durante visitas a Havana. Casos similares também foram registrados em outros países, como na Rússia, China, Tajiquistão e em alguns países africanos.
A partir de então, curiosos e conspiracionistas acreditavam que essas pessoas tinham sido alvo de um tipo de arma sônica a laser que pudesse causar os problemas de saúde. No entanto, em relatório divulgado no início de 2022, a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) concluiu que quem sofreu os misteriosos sintomas não foi alvo de uma operação organizada por agentes estrangeiros.
No documento, a CIA ainda não descartava o envolvimento estrangeiro em alguns casos que não tinham sido explicados. Mas "em centenas de outros casos de possíveis sintomas, a agência encontrou uma explicação alternativa e crível", disseram as fontes consultadas pela rede NBC na época.
Antes disso, autoridades dos EUA indicaram que a síndrome poderia ser o resultado de ataques russos com micro-ondas, mas os cientistas expressaram dúvidas sobre a teoria.
O que aconteceu agora
Uma investigação jornalística conjunta entre os jornais The Insider, Der Spiegel e o programa "60 minutos", do canal CBS, associou a Síndrome de Havana à Rússia. Divulgado nesta segunda-feira (1º), o relatório afirma que existem "evidências que sugerem" que o fenômeno é provocado pelo "uso de armas de energia dirigida empunhadas por membros da unidade 29155 (do departamento central de inteligência russo)".
Esta unidade russa conduz operações no exterior e foi responsabilizada por inúmeros incidentes internacionais, incluindo a tentativa de envenenamento do desertor Serguei Skripal na Grã-Bretanha, em 2018.
A investigação dos veículos jornalísticos, que durou um ano, sugere que os casos relatados em Havana não foram os primeiros desta síndrome. "É provável que tenha havido ataques dois anos antes em Frankfurt, Alemanha, quando um funcionário do governo dos EUA no consulado ficou inconsciente por algo parecido com um forte raio de energia".
Moscou disse que as conclusões da investigação são "infundadas". "Há muitos anos se fala sobre este assunto na imprensa. E, desde o início, na maioria das vezes, está vinculado à parte russa (...) Mas ninguém publicou uma evidência convincente, então tudo isso não passa de uma acusação infundada e sem base", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, em entrevista coletiva.
*Com AFP e reportagens publicadas em 25/01/2022 e 07/02/2022
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