'Risco de ameaça à dignidade humana', diz Vaticano sobre mudança de gênero

O Vaticano reafirmou sua oposição a mudanças de sexo, teoria de gênero, à "barriga de aluguel", bem como ao aborto e à eutanásia.

O que aconteceu

O documento sugere que "a intervenção de mudança de sexo corre o risco de ameaçar a dignidade humana". A Igreja, no entanto, não vê problemas em "pessoas nascidas com anomalias genitais" procurarem tratamento médico.

Nota do Vaticano foca na "teoria de gênero", ou a noção de que as identidades de gênero existem ao longo de um espectro e podem envolver escolha individual. No passado, o Papa Francisco denunciou duramente a ideia, comparando-a mesmo com as armas nucleares de 2015.

Texto ainda trata da chamada "barriga de aluguel". A "maternidade de substituição", segundo o Vaticano, viola a dignidade tanto da mãe de aluguel quanto da criança, e lembra que o pontífice chamou a prática de "desprezível" e pediu uma proibição global.

Em outro trecho, documento reiterou a condenação permanente ao aborto, à eutanásia e à pena de morte. Texo cita Francisco, seus antecessores Bento 16 e João Paulo 2º e documentos anteriores do Vaticano.

Resistência conservadora

A "Dignitas infinita" (Dignidade infinita) foi escrita após forte resistência conservadora, especialmente na África, contra a posição do papa Francisco sobre questões LGBT. O posicionamento foi divulgado hoje pelo DDF (Escritório Doutrinário do Vaticano) quatro meses após o papa apoiar bênçãos para casais do mesmo sexo.

Nota foi aprovada pelo papa após alterações. O chefe da DDF, cardeal Victor Manuel Fernández, disse que o pontífice pediu a inclusão de temas como "a pobreza, a situação dos imigrantes, a violência contra as mulheres, o tráfico humano, a guerra e outros temas".

Documento não anula medidas mais inclusivas decididas pelo papa, como as bênçãos para união de casais do mesmo sexo. O mesmo vale para a autorização para que pessoas trans sejam batizadas e sirvam como padrinhos, observou o jornal norte-americano The Washington Post.

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A Igreja Católica "deseja, antes de tudo, reafirmar que cada pessoa, independentemente da orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e tratada com consideração, enquanto qualquer sinal de discriminação injusta deve ser cuidadosamente evitado", diz o texto.

Vaticano separa a necessidade de fornecer assistência às pessoas transexuais do ato de obter uma cirurgia de afirmação de gênero. O documento cita o Papa Francisco dizendo que "a criação é anterior a nós e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo, somos chamados a proteger a nossa humanidade, e isso significa, em primeiro lugar, aceitá-la e respeitá-la tal como foi criada".

Com informações da Agência Reuters

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