Líderes globais lamentam morte de presidente do Irã em acidente aéreo
O presidente Lula (PT) e líderes de outros países lamentaram a morte do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, após a queda de um helicóptero, no domingo (19).
O que aconteceu
Lula expressou condolências ao povo iraniano e familiares das vítimas. Além de Raisi, estavam a bordo o chanceler Hossein Amir-Abdollahian; Malek Rahmati, governador de Azerbaijão Oriental; e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem.
Em nota, o Itamaraty diz que recebeu a notícia com profunda consternação. "O governo brasileiro estende aos familiares do Presidente Raisi, do Chanceler Abdollahian e das demais vítimas, e ao governo e povo iranianos os mais sinceros sentimentos de solidariedade e pesar pelas irreparáveis perdas".
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, afirmou que ficou "chocado" com a morte do presidente iraniano. "Expressamos nossas mais profundas condolências ao líder supremo do Irã aiatolá Ali Khamenei e desejamos consolo divino ao Irã por essa perda".
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse estar "profundamente triste e chocado com a trágica morte de Raisi". "Sua contribuição para o fortalecimento da relação bilateral entre nossos países será sempre lembrada. As minhas sentidas condolências para sua família e a população iraniana neste momento de dor".
Primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia' Al Sudani manifestou suas condolências e solidariedade ao Irã. "Expressamos nossa solidariedade ao povo iraniano fraterno e nossos funcionários fraternos na República Islâmica nesta dolorosa tragédia".
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, decretou luto pela morte de Raisi. "A bandeira paquistanesa será hasteada a meio mastro como uma marca de respeito ao presidente Raisi e seus companheiros, e em solidariedade ao Irã fraterno".
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse que a União Europeia se solidariza com o povo iraniano. "A UE expressa as suas sinceras condolências pela morte do Presidente Ebrahim Raisi e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian, bem como de outros membros da sua delegação e tripulação num acidente de helicóptero".
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, expressou sua solidariedade aos iranianos. Ela também disse esperar "que os futuros governantes iranianos desejem comprometer-se com a estabilização e a pacificação da região".
Espanha se referiu a Raisi como "uma figura muito importante dentro do Irã". "Vamos acompanhar com muita atenção os passos que o Irã vai dar", declarou o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares.
Em um telegrama de condolências, o presidente russo Vladimir Putin disse que Raisi era um "político notável". "Como verdadeiro amigo da Rússia, ele deu uma contribuição pessoal inestimável para o desenvolvimento de relações de boa vizinhança entre os nossos países e fez grandes esforços para levá-las ao nível da associação estratégica", afirmou.
Líderes de grupos extremistas apoiados pelo regime do Irã, como o palestino Hamas e o libanês Hezbollah, também lamentaram a morte de Ebrahim. O Hamas afirmou que o líder iraniano apoiou "a luta legítima de nosso povo contra a entidade sionista e forneceu valioso apoio à resistência palestina na Faixa de Gaza" — o grupo está em guerra contra o estado de Israel e tem recebido o apoio do Irã na luta contra as forças do estado judeu.
Chefes do Hezbollah se referiram a Raisi como um "irmão mais velho" e estendeu "suas mais profundas condolências e sentimentos de empatia pela perda". "Conhecemos Sua Eminência, o presidente mártir, de perto há muito tempo. Ele foi para nós um irmão mais velho, um forte apoiador e um defensor ferrenho de nossas questões e das questões da nação, principalmente Jerusalém e Palestina, e um protetor dos movimentos de resistência".
Morre presidente do Irã
Morte foi confirmada por volta das 7h (local, 0h30 de segunda-feira em Brasília). Além do presidente Ebrahim Raisi, morreram o chanceler Hossein Amir-Abdollahian; Malek Rahmati, governador de Azerbaijão Oriental; e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem.
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Quero receberHelicóptero havia sido localizado nas primeiras horas de segunda (20). A aeronave caiu no domingo (19) entre as cidades de Varzaqan e Jolfa, na província do Azerbaijão Oriental, segundo informou a IRNA, a agência de notícias estatal do Irã (veja abaixo). O local onde o helicóptero estava sendo procurado é montanhoso e de difícil acesso, e o mau tempo dificultou as buscas.
Raisi esteve no Azerbaijão para inaugurar uma barragem. Trata-se da terceira que os dois países construíram no rio Aras.
Líder supremo do Irã havia tentado acalmar a população. Antes mesmo da confirmação da morte, o aiatolá Ali Khamenei disse que ninguém deveria ficar preocupado ou ansioso porque "a gestão do Estado do Irã não seria afetada" pelo desastre.
Quem era Ebrahim Raisi?
Populista ultraconservador Ibrahim Raisi tinha 63 anos. Ele nasceu em novembro de 1960, na cidade sagrada xiita de Mashhad, no nordeste do país. Raisi fez carreira no Judiciário em cargos de procurador-geral entre 2014 e 2016, vice-chefe de Justiça de 2004 a 2014 e promotor e procurador adjunto de Teerã nas décadas de 1980 e 1990.
Ele chegou à presidência em 2021, após vencer em 1º turno. Durante a campanha, levantava bandeiras anticorrupção e em defesa dos pobres. A votação foi marcada por uma abstenção recorde em eleições presidenciais e com a ausência de um opositor forte. Raisi recebeu 62% dos votos, que correspondem a cerca de 17,8 milhões de eleitores.
Iraniano havia substituído o moderado Hasan Rohani. A principal conquista de Rohani em seus dois mandatos foi o acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências ocidentais. Rouhani ganhou de Raisi nas eleições presidenciais de 2017 e, após dois mandatos consecutivos, não pôde concorrer novamente.
Raisi era criticado por suposta violação dos direitos humanos. Quando ainda era juiz, ele teria influído na decisão de matar, sem julgamento, 3.000 dissidentes do regime iraniano em 1988. Raisi estava na lista de líderes iranianos que os Estados Unidos sancionaram por "cumplicidade" em "graves violações dos direitos humanos" — o que Teerã nega.
Morte do presidente pode gerar disputa interna pelo poder. Segundo Uriã Fancelli, mestre em Relações Internacionais, essa briga dificilmente envolveria, de fato, uma oposição — que cada vez mais tem encontrado dificuldade para se candidatar e se eleger. "São grupos perseguidos e desqualificados pelo Conselho Guardião, que aprova ou barra os candidatos para as eleições, incluindo a presidência", explicou ao UOL.
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