Conteúdo publicado há 1 mês

Venezuela anuncia retirada de diplomatas de 7 países latino-americanos

O governo da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (29) que vai retirar do país o pessoal diplomático de suas missões na Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.

O que aconteceu

Decisão foi tomada "em rejeição às ações e declarações intervencionistas" desses governos, diz comunicado. O texto se refere às reações negativas dos países após a autoridade eleitoral proclamar a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

O Ministério das Relações Exteriores venezuelano considerou que a posição desses governos "atenta contra a soberania nacional". A pasta pediu também que fossem retirados os diplomatas desses países acreditados em Caracas. Na embaixada argentina, estão refugiados há semanas seis colaboradores da líder opositora venezuelana María Corina Machado.

Panamá retira diplomatas; Peru convoca embaixador

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, alegou que só retomará laços com Caracas após revisão do resultado. Ele pediu uma "revisão completa das atas e do sistema de informática do escrutínio da votação que permitam conhecer a genuína vontade popular" dos venezuelanos.

Mulino afirmou que a suspensão das relações bilaterais é em respeito à história do Panamá e aos venezuelanos. "Por respeito à história do Panamá, por respeito aos milhares de venezuelanos que escolheram nosso país para viver e por respeito às minhas convicções democráticas, não posso permitir que meu silêncio se torne cumplicidade".

Venezuela e Panamá não têm embaixadores mútuos. Os países possuem apenas um corpo diplomático encarregado por manter as relações bilaterais.

Na semana passada, José Raúl Mulino já havia criticado Caracas por vetar a decolagem de um avião com ex-presidentes latino-americanos que acompanhariam o pleito venezuelano. Conforme o presidente panamenho, as autoridades da Venezuela fecharam o espaço aéreo, o que impediu que o avião decolasse.

Peru convoca embaixador

Peru convocou embaixador para "consulta". Javier González-Olaechea, ministro das Relações Exteriores do Peru, usou sua conta no X (antigo Twitter) para informar que convocou o embaixador peruano na Venezuela para consultas. Mais cedo, o chanceler já havia se posicionado sobre o resultado do pleito venezuelano: "Condeno em todos os seus extremos a soma de irregularidades com intenção de fraude por parte do governo da Venezuela".

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Embaixador volta nesta segunda-feira (29) para o Peru, disse Olaechea. "Dados os gravíssimos anúncios oficiais das autoridades eleitorais venezuelanas, foi providenciada a convocação imediata para consultas do Embaixador do Peru acreditado junto à República Bolivariana da Venezuela", concluiu o chanceler.

Maduro é proclamado presidente, e MP diz que vai investigar oposição

Órgão eleitoral da Venezuela proclamou Nicolás Maduro vencedor das eleições. Com a decisão, o ditador continua no cargo para um terceiro mandato consecutivo de seis anos. A oposição reivindicou a vitória de Edmundo González Urrutia e alega que houve fraudes no pleito.

Maduro teve 51,2% dos votos, anunciou o CNE, órgão responsável pela realização dos processos eleitorais no país. Com 80% das urnas apuradas, o atual presidente foi declarado vencedor ao obter 5,150 milhões de votos contra 4,445 milhões (44,2%) de Edmundo González Urrutia. O anúncio ocorreu por volta da 1h da madrugada (horário de Brasília) e depois não foi mais atualizado.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a abertura de uma investigação contra a oposição ao presidente Nicolás Maduro. Os oposicionistas, liderados por María Corina Machado, tentaram interferir nas eleições, segundo o chefe do MP.

Países da América Latina disseram que vão solicitar uma reunião urgente da OEA (Organização dos Estados Americanos) contra a falta de transparência nas eleições da Venezuela. Nota conjunta de Uruguai, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana pede uma contagem transparente dos votos.

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Sem reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, o governo brasileiro emitiu uma nota. O comunicado deixa claro que a publicação dos dados desagregados de cada uma das sessões é fundamental para a legitimidade do pleito.

*Com informações da AFP

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