Musk aposta todas as fichas em Trump, antes alvo do dono do X

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A vida de lobista do Musk Siberiano, popularmente conhecido também por Elon Musk, não está nada fácil. Depois de tomar várias invertidas do governo de Joe Biden, ele resolveu apostar todas as suas fichas no Donald Trump. Deu dinheiro para a campanha, deu seu apoio oficial. E, ontem, passou duas horas em uma longa conversa ao vivo no seu X-Twitter fazendo agrados ao ex-presidente.

(Mas deixou Trump esperando uns bons 45 minutos por problemas técnicos na transmissão, que Musk garante que foi por conta de um ataque cibernético. Mas no fim pode ser que seu X-Twitter só não aguente muita gente querendo entrar ao mesmo tempo. No fim, 1,3 milhão de pessoas escutaram a live ao mesmo tempo. (Musk garantiu que tinha capacidade para 8 milhões.)

O amor de Musk por Trump não é pelas suas belas madeixas louras ao vento ou seu bronzeado laranja. Acreditem, ele já falou muito mal de Trump. Digamos que tem uns bilhões envolvidos no processo.

Vamos contar a difícil vida de um bilionário que é lobista de si mesmo em 8 tópicos:

1. Musk torrou 44 bilhões de doletas para comprar o Twitter. Assim que assumiu o rolê, tirou as restrições que tinham sido impostas à conta de Trump. Trump era o tuitador geral da República e atraía milhões de pessoas para a rede. Mas Trump criou sua própria rede social e só ontem voltou ao X-Twitter, quando Musk marcou a live.

2. Os anunciantes fugiram em massa do X-Twitter. Musk fez um post endossando uma teoria da conspiração de que o povo judeu, junto com a esquerda mundial, quer substituir os brancos por imigrantes não brancos. A Casa Branca de Biden disse que Musk estava fazendo uma "promoção abominável de ódio antissemita e racista". Musk pediu desculpas, mas os anunciantes fugiram mesmo assim. (Musk precisa dos anunciantes para manter a rede social.)

3. Musk é dono da Tesla, pioneira na fabricação de carros elétricos. E qual o grande propósito dos carros elétricos? Ajudar a superar as mudanças climáticas. Sim, Musk sempre foi enfático ao falar dos problemas das mudanças climáticas. E quem não está nem aí para as mudanças climáticas? Isso mesmo, Trump.

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4. Na eleição de 2016, Musk disse em entrevistas que Trump não era o cara certo e que não ia fazer bem aos Estados Unidos. Trump saiu do acordo de Paris, que estabelece as metas dos países para reduzir as mudanças climáticas, Musk foi um dos primeiros a tuitar (o Twitter nem era dele ainda): "A mudança climática é real. Sair de Paris não é bom para a América nem para o mundo."

5. Ontem, Trump minimizou mais uma vez a ameaça do aquecimento global. Sua campanha é toda em cima de "drill, baby drill" (explorar mais e mais petróleo). O Elon Musk deixou passar isso na live de ontem e ainda minimizou o rolê: "Não é como se a casa estivesse pegando fogo imediatamente". Ele ainda disse que era legal se eles se movessem para a transição energética mas isso pode acontecer "sem difamar a indústria de petróleo e gás. As pessoas ainda podem comer um bife... dirigir carros a gasolina".

6. Na eleição de 2020, Musk apoiou Biden. Mas a relação não foi nada boa nesses 4 anos. Eis a listinha feita pelo Washington Post:

— Sob Biden, o Departamento de Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) avançaram em investigações sobre o marketing da Tesla de suas tecnologias de assistência ao motorista.

— A National Highway Traffic Safety Administration anunciou um recall de quase todos os Tesla devido a preocupações com as luzes de advertência ao motorista.

— A SEC está conduzindo uma investigação sobre o X, o X-Twitter, que Musk comprou em 2022.

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— Biden fez uma reunião de cúpula de veículos elétricos e deixou a Tesla de fora.

7. E ainda tem a SpaceX. Essa é a empresa aeroespacial de Musk que tem contratos bilionários com quem? Com o governo americano. Quem mais poderia querer ir a Marte se não o Trump?

8. E ainda tem a Starlink. Essa é a empresa de satélites do Musk que tem contratos bilionários com quem? Com o governo americano.

O que Trump promete que não é assim tão bom para Musk:

— Na convenção Republicana, Trump disse que ia "acabar com a obrigatoriedade dos veículos elétricos no primeiro dia". Isso salvaria a indústria automobilística dos EUA "da completa destruição" e economizaria milhares de dólares aos consumidores.

— Ele também prometeu uma nova guerra comercial com a China, o que traria incerteza na cadeia de suprimentos para quase todos os grandes fabricantes, incluindo a Tesla.

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— Ele também fala em comícios do drill, baby drill.

Curiosidade: Em 2022, Trump se gabou de que Musk o procurou para falar dos carros autônomos e ele disse que se ele quisesse poderia ter exigido que Musk "caísse de joelhos e implorasse" e que Musk o teria feito. Vai vendo, BRASEW.

Resumo do resumo do resumo da live de duas horas de ontem:

O microfone ficou aberto para Trump falar. E ele falou mal do Biden (ainda é o tema preferido dele), mas ele também falou mal da Kamala, falou da questão da imigração, reclamou do preço do bacon e contou pela segunda vez sobre o atentado (ele tinha prometido na convenção que só ia falar desse assunto uma vez. Mas nessa parte ele estava lendo o teleprompter).

Para os perdidos: Fazer lobby é tentar influenciar políticos e governos na tomada de decisões. O lobista, geralmente, é alguém contratado para tentar fazer esse processo de convencimento. No caso do Musk, ele parece ser o lobista dele mesmo.

Opinião

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