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Secretário volta aos EUA sem avanço por trégua em Gaza; Israel lança ataque

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, concluiu nesta quarta-feira (21) sua viagem ao Oriente Médio sem conseguir avançar nas negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O que aconteceu

Foi a nona visita de Blinken à região desde o início da guerra em Gaza. Os EUA acreditam que uma trégua entre Israel e o grupo extremista Hamas ajudaria a evitar um conflito regional, incluindo um possível ataque por parte do Irã e de seus aliados — como o Hezbollah libanês — em retaliação pelo assassinato do chefe do Hamas em 31 de julho.

Enquanto isso, ataques aéreos de Israel mataram ao menos 50 pessoas nas últimas 24 horas, segundo informaram autoridades palestinas. As ofensivas também atingiram o Líbano.

Falta de progresso em direção à trégua agrava o sofrimento de refugiados. Aburakan, 55, conta ter mudado de esconderijo cinco vezes desde outubro, quando a guerra entre Israel e Hamas começou. "Moro a algumas centenas de metros das áreas ameaçadas e, desde o início do dia, tenho procurado em vão por um espaço no oeste de Deir Al-Balah, Khan Younis ou Nuseirat", disse à Reuters.

Negociações por cessar-fogo serão retomadas esta semana. Mediadas por EUA, Egito e Qatar, as discussões buscam aprovar o plano apresentado pelo governo americano, que prevê uma trégua total, a libertação de reféns israelenses e a soltura de presos palestinos que estão em Israel. A proposta ainda inclui a retirada das tropas invasoras em Gaza e investimentos para reconstruir a região.

Principais divergências dizem respeito ao controle de corredores. A imprensa israelense cita especificamente os corredores Filadélfia, entre Gaza e Egito, e Netzarim, que atravessa o centro do território palestino. Outras dificuldades estão relacionadas ao número e a identidade dos prisioneiros palestinos a serem libertados com os reféns israelenses e a livre circulação dos palestinos dentro de Gaza.

Os EUA não aceitam uma ocupação de longo prazo de Gaza por Israel. (...) Isso [cessar-fogo] é algo que tem que ser feito, e tem que ser feito nos próximos dias, e faremos tudo o que for possível para conseguir.
Antony Blinken, sobre a proposta de trégua em Gaza

Para onde iremos? Para onde iremos? Sentimos que eles estão se aproximando. Infelizmente, podemos morrer antes de vermos o fim dessa guerra. Toda conversa de cessar-fogo é uma mentira.
Aburakan, refugiado palestino, em entrevista à Reuters

Ataques em Gaza e no Líbano

Morador observa destroços de escola atingida por Israel no centro da Cidade de Gaza, em 20 de agosto
Morador observa destroços de escola atingida por Israel no centro da Cidade de Gaza, em 20 de agosto Imagem: Omar Al-Qattaa/AFP
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Bombardeios em Gaza mataram pelo menos 50 pessoas nas últimas 24 horas. A informação é do Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Já os militares israelenses dizem ter atingido cerca de 30 alvos em toda a Faixa de Gaza, incluindo túneis, locais de lançamento e um posto de observação. Também afirmam ter matado "dezenas de combatentes armados" e capturado armas, explosivos e granadas.

Militares ordenaram evacuação em área superlotada no centro de Gaza. Deir Al-Balah abriga centenas de milhares de palestinos deslocados pelos combates e se tornou "uma perigosa zona de combate", de acordo com os israelenses. A ordem de retirada foi seguida por tiros de metralhadora que deixaram ao menos uma pessoa morta e várias feridas, disseram médicos e moradores.

No Líbano, ataques israelenses deixaram ao menos um morto e 19 feridos. O Exército de Israel confirmou ter atacado o comandante Jalil al Maqdah, chefe do braço armado do partido libanês Fatah, a quem acusa de trabalhar para o Irã. "Mais uma prova de que Israel quer desencadear uma guerra em grande escala na região", disse à AFP Tufiq Tirawy, membro do comitê central do Fatah em Ramallah.

(Com AFP e Reuters)

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