Pesquisa: 52% dos eleitores de Trump acreditam que imigrantes comem pets
Mais da metade dos apoiadores de Trump afirmaram que acreditam que imigrantes haitianos estão comendo animais de estimação. Os dados são da pesquisa YouGov, realizada entre 11 e 12 de setembro.
O que aconteceu
Fake news sobre haitianos estarem comendo cães e gatos ganhou projeção quando foi citada por Trump no debate, em 10 de setembro. A pesquisa da YouGov foi realizada nos dois dias posteriores e pretendia analisar a reação do público sobre o embate. A sondagem foi realizada com 1.120 cidadãos americanos e tem margem de erro de 3,8 pontos percentuais.
Cerca de 22% das pessoas que pretendem votar em Trump dizem que acreditam que a história é "definitivamente verdadeira". Outros 30% acreditam que é "provavelmente verdadeira". No total, 52% do eleitorado de Trump tendem a acreditar na fake news.
Um em cada quatro eleitores do republicano duvida da notícia. Enquanto 20% pensam que a afirmação é "provavelmente falsa", 5% declaram que é "definitivamente falsa". Os outros 24% dizem não ter certeza sobre o assunto.
Entre eleitores de Kamala, 81% veem o relato como "definitivamente falso". Cerca de 7% dizem que é "provavelmente falso" e 8% não tiveram certeza para responder.
Dados indicam que 0% dos eleitores de Harris responderam que a história é "definitivamente verdadeira". Os números não se estendem em casas decimais, por isso, não é possível afirmar que nenhum eleitor de Kamala escolheu essa opção. Os entrevistados que consideram a história "provavelmente verdadeira" somam 4%.
Origem da fake news
Fake news começou a circular na semana passada e ganhou força após Trump citá-la no debate, realizado na última terça-feira (10). A cidade de Springfield, em Ohio, virou centro das atenções após políticos republicanos afirmarem falsamente que imigrantes haitianos estariam comendo animais de estimação. J.D. Vance foi um dos primeiros a levantar o assunto, escrevendo no X que as "pessoas tiveram seus animais de estimação sequestrados e devorados por gente que não deveria estar neste país". Elon Musk, dono do X e apoiador de Trump, também difundiu a fake news.
Autoridades imediatamente desmentiram a falsa informação. A polícia local negou a existência de "relatos credíveis ou afirmações específicas de que animais de estimação tenham sido feridos, machucados ou maltratados por membros da comunidade imigrante", segundo comunicado enviado à agência de notícias AFP.
Boato teria surgido pela primeira vez em postagem no Facebook. A publicação dizia que imigrantes haitianos haviam tentado comer o gato desaparecido de um vizinho. A autora da postagem, Erika Lee, disse à Reuters que escreveu isso após ouvir de uma vizinha. Essa vizinha, Kimberly Newton, disse à Reuters que ouviu de um amigo, que ouviu de outro amigo, que ouviu de um conhecido. Não estava claro se essa pessoa testemunhou o suposto incidente diretamente.
Dona da publicação disse que está arrependida e com medo das consequências. Erika Lee disse à NBC News que não tinha ideia que seu post se tornaria fonte de teorias da conspiração e ódio. Ela afirmou que não é racista, que tem identidade multirracial, que faz parte da comunidade LGBT+ e que sua filha tem ascendência negra. Após a repercussão, ela excluiu a postagem e disse que sente muito pela comunidade haitiana.
Outras postagens contribuíram com a fake news. Imagens registradas em outras cidades de Ohio, como a foto de homem segurando um ganso morto e o vídeo de uma mulher que supostamente matou e tentou comer um gato, foram relacionadas erroneamente à cidade de Springfield e aos haitianos, segundo a NBC News.
Casa Branca denunciou que a teoria da conspiração tem raízes racistas e pode ser perigosa. "Este tipo de declarações, este tipo de desinformação é perigosa porque algumas pessoas vão acreditar nisso, por mais absurdo e estúpido que seja, e poderiam reagir de uma forma que poderia causar feridos", disse na terça-feira John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Cerca de 15 mil imigrantes haitianos se mudaram para Springfield nos últimos anos.
Na última sexta-feira (13), Trump prometeu que, se eleito, fará "deportação em massa" de migrantes que estão nos EUA. "Vamos organizar expulsões em massa", declarou o republicano em uma coletiva de imprensa na qual fingiu desconhecer que muitos desses migrantes possuem um visto de residência.
Com AFP e Reuters
Deixe seu comentário