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Líbano: explosivos foram colocados em dispositivos antes de entrada no país

Uma investigação preliminar feita por autoridades libanesas sobre os pagers e walkie-talkies que explodiram simultaneamente no Líbano nesta semana apontou que os artefatos foram implantados antes da entrada dos dispositivos no país. Os equipamentos eram do grupo Hezbollah.

O que aconteceu

A informação consta em uma carta da missão libanesa à ONU (Organização das Nações Unidas). O conteúdo foi enviado ao Conselho de Segurança da organização. O conteúdo foi divulgado pelas agências de notícias Reuters e AFP nesta quinta-feira (19).

Autoridades libanesas também indicaram que os equipamentos foram detonados após o envio de mensagens eletrônicas para os aparelhos. "As investigações iniciais mostraram que os dispositivos tiveram as armadilhas colocadas profissionalmente antes de chegar no Líbano, e foram detonados por meio do envio de mensagens eletrônicas para os aparelhos", apontou o documento, segundo a Al Jazeera.

No documento, a missão ainda indicou que Israel foi o responsável pelo planejamento e execução dos ataques. Israel não se manifestou diretamente sobre o caso até o momento.

Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros, deve se reunir na sexta-feira (20). Na ocasião, eles devem discutir as explosões.

Jornal fala em empresa de fachada

O serviço de inteligência de Israel criou uma empresa de fachada para vender pagers com explosivos instalados ao Hezbollah. A informação foi publicada pelo jornal The New York Times nesta quinta-feira (19).

Venda foi feita por meio de uma empresa de fachada que se passou por uma produtora internacional de pagers. Plano ganhou força após funcionários da inteligência israelense virem uma oportunidade quando o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, decidiu expandir o uso desses equipamentos para evitar comunicação por celulares.

A empresa de nome BAC Consulting, sediada na Hungria, tinha contrato para produzir os dispositivos em nome de uma empresa taiwanesa, a Gold Apollo. Mas, segundo a reportagem, a BAC era operada pela inteligência de Israel. Fontes relataram ao jornal que pelo menos duas outras empresas de fachada também foram criadas para mascarar as verdadeiras identidades das pessoas que criaram os pagers: oficiais de inteligência israelenses.

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Para não deixar rastros, a B.A.C. aceitou clientes comuns e produziu uma série de pagers sem explosivos. O New York Times revelou que o único cliente que realmente importava era o Hezbollah. Os pagers fornecidos para eles foram produzidos separadamente e continham baterias com um explosivo chamado PETN.

Os pagers começaram a ser enviados para o Líbano no verão de 2022 em pequenos números. Mas a produção aumentou rapidamente depois que Nasrallah denunciou os telefones celulares, desconfiado de que Israel poderia invadi-los, ativando remotamente câmeras e microfones.

Agentes de inteligência de Israel se referiam aos pagers como "botões" que podiam ser apertados quando o momento parecesse oportuno. Segundo o jornal, falando ao seu gabinete de segurança no domingo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que faria tudo o que fosse necessário para permitir que mais de 70 mil israelenses expulsos pelos combates com o Hezbollah voltassem para casa.

Na terça-feira (17), foi dada ordem para ativar os pagers e desencadear as explosões.

Sequência de explosões deixaram 37 pessoas mortas no Líbano

Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano
Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano Imagem: Reprodução/Telegram
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Explosões de pagers e walkie-talkies deixaram 37 pessoas mortas e milhares feridas.

Foram 12 mortos após explosões simultâneas de 'pagers' do Hezbollah, no Líbano, na terça-feira (17). Explosões aconteceram de forma simultânea. Uma fonte próxima ao Hezbollah atribuiu as explosões a um ataque cibernético "israelense".

O número de mortos após explosões simultâneas de 'walkie-talkies' do Hezbollah, no Líbano, subiu para 25. Entre os mortos, 20 eram integrantes do grupo islamista libanês Hezbollah. Mais 450 pessoas ficaram feridas. Número foi atualizado em coletiva de imprensa pelo ministro da Saúde do país, Firass Abiad, nesta quinta-feira (19).

Walkie-talkies do Hezbollah explodiram no subúrbio de Beirute no fim da tarde de quarta-feira (18). Uma das explosões ocorreu perto de um funeral organizado pelo Hezbollah para os mortos no dia anterior, após os "pagers" também explodirem. Os ataques aconteceram em todo o sul do país e nos subúrbios ao sul da capital Beirute. Os rádios portáteis foram adquiridos pelo Hezbollah há cinco meses, na mesma época em que os pagers foram comprados, disse uma fonte de segurança à Reuters.

*Com AFP e Reuters

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