Países latino-americanos convocam reunião urgente em meio à crise com Trump

Honduras, que ocupa interinamente a presidência da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), convocou uma reunião com urgência para o próximo dia 30. A convocação acontece em meio à crise com os EUA, incentivada pelo discurso contra imigração de Donald Trump.
O que aconteceu
Texto da presidente de Honduras, Xiomara Castro, diz que a reunião discutirá imigração, meio ambiente e unidade latino-americana e caribenha. O encontro acontecerá de forma híbrida, às 11h (horário de Honduras).
Como Presidenta Pro Témpore (PPT) de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC), convoco con carácter urgente a una reunión de presidentes y jefes de Estado; próximo jueves 30 de enero a las 11:00 a.m. (hora de Honduras). pic.twitter.com/vEXCwCZBQl
-- Xiomara Castro de Zelaya (@XiomaraCastroZ) January 26, 2025
Colômbia, que protagonizou um conflito público com os EUA neste domingo (26) ao recusar dois voos com deportados, confirmou presença. No mesmo comunicado em que confirma a participação, o governo colombiano informa que enviará o avião presidencial para buscar os imigrantes deportados. O Brasil ainda não se posicionou sobre a participação na reunião.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, condenou a tentativa de deportação, sugerindo que ela tratava os imigrantes como criminosos. Em uma publicação no X, ele disse que o país receberia os imigrantes deportados em aviões civis, afirmando que eles deveriam ser tratados com dignidade e respeito. Na última sexta (24), o México também recusou um pedido para permitir que um avião militar dos EUA aterrissasse com migrantes.
O gesto de convocar a reunião foi considerado por diplomatas latino-americanos como um esforço para internacionalizar a resposta à crise. Mas fontes ouvidas pelo UOL indicaram que Petro pode ter dificuldades para conseguir uma declaração conjunta que seja forte e unânime em todo o bloco.
De um lado, alguns países tinham colocado como meta a de não abrir crises diplomáticas com o governo Trump. Outros ainda optaram por se alinhar ao posicionamento da Casa Branca, entre eles o Paraguai.
Antes da posse de Trump, um esforço de coordenar uma resposta regional revelou a divisão no continente. No México, apenas onze países se reuniram para denunciar a criminalização da imigração e alertar contra os riscos da deportação em massa.
Enquanto a Celac é convocada, o governo Trump fará uma forte pressão sobre a região. Marco Rubio escolheu visitar a América Central como seu primeiro destino internacional desde que assumiu a diplomacia de Trump. Ele irá nesta semana ao Panama, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e Republica Dominicana. O tema da migração estará no centro da conversa.
Em sua sabatina no Senado, Rubio insinuou que o governo Trump poderia usar armas comerciais para convencer países a cooperar nas deportações.
Retaliação de Trump
Como retaliação, Trump anunciou a proibição de viagens e revogação de vistos para funcionários do governo colombiano. Membros do partido, familiares e apoiadores também são alvo da medida.
O presidente dos EUA também impôs tarifas de emergência de 25% sobre os bens colombianos que entram no país norte-americano. Gustavo Petro rebateu Trump e disse que vai taxar todos os produtos dos EUA que entrarem na Colômbia.
Os comentários de Petro se somam ao crescente coro de descontentamento na América Latina com Trump. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou, na noite de sábado (25), o "tratamento degradante" dos brasileiros depois que imigrantes foram algemados em um voo comercial de deportação. Na chegada, passageiros também relataram agressões físicas durante o voo.
O voo em que 88 brasileiros estavam foi interrompido em Manaus, na noite de sexta-feira (24), após o ar-condicionado do avião falhar. No sábado, os deportados decolaram em uma aeronave da FAB em direção a Confins (MG).
O Itamaraty irá se queixar ao governo Trump pelo tratamento dado aos imigrantes brasileiros em um voo de deportação. A decisão foi tomada depois que o chanceler Mauro Vieira desembarcou em Manaus e conversou com autoridades militares brasileiras para entender os detalhes do que havia ocorrido.
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