Por ameaça terrorista na França, policiais andam armados fora de serviço
comentários 2

Gabriela Cañas

Ouvir texto
0:00
Imprimir Comunicar erro
Ampliar

Atentados em casa de shows, estádio e outros locais de Paris124 fotos

69 / 124
15.nov.2015 - Policiais reforçam a segurança na praça da República, em Paris, após um alarme falso de tiros. Milhares de pessoas que prestavam homenagens às vítimas do massacre precisaram sair às pressas da região. Houve tumulto, mas a praça foi esvaziada rapidamente VEJA MAIS > Imagem: Pascal Rossignol/Reuters

A sensação de sítio em um país extraordinariamente ameaçado pelo terrorismo se estende pela França depois dos atentados de sexta-feira (13), que deixaram 129 mortos e 350 feridos. A partir desta quinta-feira (19), os policiais podem andar armados mesmo que estejam em folga ou férias. Foi o que decidiu a Direção Geral da Segurança Interna, reagindo a pedidos dos sindicatos policiais.

Na Assembleia Nacional, onde todos os grupos apoiam as medidas de exceção que o governo apresentou, o primeiro-ministro Manuel Valls afirmou que a França está exposta a atentados com armas químicas ou bacteriológicas --apesar do sucesso da polícia no cerco a vários terroristas em Saint-Denis [região parisiense], na quarta-feira (18).

"Não podemos excluir nada. Digo isso com as precauções que se impõem, mas há risco de armas químicas e bacteriológicas", disse Valls nesta manhã. "Estamos diante de uma nova guerra --exterior e interior--, na qual o terror é o primeiro objetivo e a primeira arma."

Mais adiante, Valls disse que a ameaça justifica que "outras liberdades fiquem temporariamente limitadas". Entre as medidas já conhecidas para ampliar a capacidade operacional das forças da ordem durante o estado de exceção, o primeiro-ministro declarou que o governo quer criar uma estrutura para jovens radicalizados e que o retorno à França dos que partiram para fazer a jihad será estritamente controlado.

Os grupos políticos de oposição se mostram muito favoráveis a apoiar os planos do governo. "A premissa mais importante da liberdade é a segurança", lembrou o deputado do grupo Radical Alain Tourret. A Câmara Baixa aprovou hoje as novas condições do estado de exceção que permitem deter os suspeitos em domicílio e incomunicáveis ou fazer cópias dos dados de informática nas batidas, embora estes ainda não façam parte de um processo judicial.

Até a deputada da Frente Nacional Marion Marechal-Le Pen anunciou voto favorável. Para ela, o mais importante é a incomunicabilidade dos suspeitos, mas também pediu um controle efetivo nas fronteiras e que se impeça a entrada maciça de novos habitantes.

Estado de exceção

Em paralelo, os policiais podem a partir de hoje portar armas mesmo que estejam fora de serviço. Por enquanto, essa possibilidade só vigora durante o estado de exceção. Atualmente, policiais só podem portar armas se estiverem dentro dos limites da circunscrição em que trabalham.

"O que queremos é poder portá-las no mínimo nos trajetos cotidianos de casa ao trabalho", explica Christophe Dumont, secretário nacional do Sindicato de Quadros da Segurança Interna.

Na situação atual, os agentes estão autorizados a portar suas armas (e portanto a cartucheira) em qualquer lugar do território francês, mesmo em finais de semana ou em férias. As condições impostas aos policiais são simples: que usem o bracelete que os identifica como agentes de segurança para não assustar os cidadãos caso tenham de entrar em ação.

É provável que também se exija experiência suficiente com armas (um mínimo de horas e treinamento) e que tenham de avisar seus superiores sobre a intenção de levar armas. O diretor da DGSI se reunirá em breve com os sindicatos para definir novas medidas, talvez de caráter permanente.

Por outro lado, a Prefeitura de Paris ampliou até domingo a proibição de organizar manifestações. É uma das possibilidades que oferece o estado de exceção decretado na sexta-feira e que agora, depois do voto do Parlamento, poderá ser ampliado por três meses, até meados de fevereiro.

Ampliar

Charges repercutem ataques terroristas em Paris19 fotos

19 / 19
17.nov.2015 - O jornal satírico francês Charlie Hebdo divulgou a imagem da capa da edição que chega às bancas nesta quarta-feira (18). O periódico estampa a frase "Eles têm armas. Que se fo..., nós temos champagne!", em referência ao ataque cometido pelo Estado Islâmico na sexta-feira (13). Em janeiro, doze jornalistas do Charlie foram mortos em um atentado terrorista Imagem: Reprodução/Twitter

Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

comentários 2

Avatar do usuário

Avatar do usuário

960

Compartilhe:

Ao comentar você concorda com os termos de uso

  • Todos
  • Mais curtidos
  • Escolha do editor
    Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
    Leia os termos de uso

    UOL Cursos Online

    Todos os cursos